Pesquisando as causas de pequenas alterações na duração do dia na Terra e também no movimento dos polos do planeta, uma equipe de pesquisadores chineses confirmou que existe uma oscilação periódica do núcleo interno de aproximadamente 8,5 anos. Com base nesses valores, os autores concluíram que há uma variação entre o núcleo interno e o manto de 0,17 graus.
Esse fenômeno, que aponta para uma densidade maior do núcleo interno da Terra no hemisfério noroeste, havia sido notado anteriormente em alguns registros sismológicos, mas nunca confirmado. A medição atual pode servir como ferramenta para compreendermos manifestações superficiais do funcionamento do núcleo que ainda não entendemos.
O núcleo interno terrestre é uma grande esfera sólida e densa de ferro e níquel que fica imersa em uma camada de metal derretido, também composta de ferro e níquel. Com um raio de 1,2 mil quilômetros e separada do núcleo externo por uma interface fronteiriça, essa esfera tem um papel fundamental nos processo geofísicos do nosso planeta, influenciando o campo magnético e regulando a dinâmica geral do interior da Terra.
A oscilação e a rotação livre da Terra
A nossa compreensão "de livro" da rotação da Terra supõe uma distribuição uniforme de densidade no manto e no núcleo, no sentido do centro para fora, de forma que a rotação do nosso núcleo coincida com a do manto.
Mas a coisa não é bem assim, explica em release o Dr. Hao Ding, coautor do estudo e professor da Universidade de Wuhan, na China. Para ele, os resultados das oscilações naturais da Terra mostram que as estruturas de densidade do interior do planeta "são altamente heterogêneas".
Ele descobriu isso por acaso, em um estudo de 2018, enquanto analisava o movimento polar do planeta, e propôs uma relação dessa variação com uma oscilação do núcleo interno.
A inclinação estática entre o núcleo interno da Terra e o manto
Um diagrama mostrandoo desalinhamento e a forma instável do núcleo interno da Terra.Fonte: Yachong An et al.
Na busca de uma explicação para o sinal de 8,5 anos detectado no movimento polar e nas variações da duração do dia, os pesquisadores mediram as amplitudes da oscilação do núcleo interno. Em ambas as ocorrências, o resultado foi um ângulo de inclinação estática de 0,17 graus entre o eixo de rotação do núcleo interno e o manto.
Para o Dr. Ding, esses desvios mostram uma mudança clara na densidade da fronteira entre o núcleo interno e as camadas circundantes.
Essas propriedades podem influenciar diretamente como o núcleo externo fluido se agita e gira. "A inclinação estática também pode levar a uma certa mudança na forma do núcleo líquido, resultando em uma mudança no movimento do fluido e uma mudança correspondente no campo geomagnético", conclui Ding.
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