A busca por formas de vida fora na Terra nunca se ateve a tantos detalhes. Cada vez mais, os cientistas possuem um arsenal de dados que podem ser cruzados e analisados em busca de evidências de vida extraterrestres em outros lugares do Universo.
Em Encélado, uma das 145 luas de Saturno, enormes gêiseres expelem material das entranhas do satélite. Abaixo de uma enorme superfície congelada, está um imenso oceano líquido que contém elementos essenciais à vida, indica um estudo recente. A grande questão que permanece: esses elementos se juntaram para formar os aminoácidos conhecidos blocos de construção da vida?
Futuras expedições podem ter sucesso em coletar mais evidências. Os gêiseres expelem os materiais oceânicos a uma altura significativa, permitindo que missões possam recolher esses componentes sem precisar pousar em Encélado. Além disso, a explosão de materiais é suave o suficiente para não danificar as estruturas que os cientistas buscam, isto é, os aminoácidos.
De acordo com os últimos estudos divulgados, a presença de fósforo e de um fundo oceânico na lua Encélado de Saturno, podem ser um indício de presença de vida no satélite. Fonte: Getty Images
Situação semelhante parece acontecer na Europa, em Júpiter. Porém, isso será melhor analisado por meio da missão espacial Europa Clipper, que tem lançamento programado para outubro de 2024 e chegada ao satélite em 2030, onde dará 50 voltas em sua órbita.
Antigo temor
O fato dos componentes resistirem à explosão dos gêiseres é extremamente importante. No passado, acreditava-se que mesmo que isso acontecesse, poderíamos colocar tudo a perder se não tivéssemos as aeronaves ou coletores corretos para manter as estruturas das moléculas intactas.
Essa teoria já é bastante conhecida: alguns astrobiólogos cogitaram que Marte tinha, sim, vida, mas que a matamos. Assim, deveríamos desenvolver novos equipamentos sem saber exatamente qual seria o melhor modelo – tipo o robô sugerido para caçar materiais dentro do oceano submerso de Encélado.
Felizmente, porém, novos estudos indicam que os aminoácidos essenciais à vida poderiam, sim, sobreviver às explosões dos gêiseres. Aliás, eles podem aguentar uma pressão até 10 vezes maior do que as atuais explosões no satélite de Saturno. Assim, já dá para desenvolver as tecnologias necessárias para coletar corretamente os componentes.
O acaso a favor
A equipe do professor Robert Continetti, da Universidade da Califórnia, criou um espectrômetro de impacto de aerossol que analisa quando essas micropartículas colidem. Este aparelho é o único deste tipo no mundo que pode selecionar partículas individuais e acelerá-las ou desacelerá-las até velocidades finais escolhidas”, explicou.
Com previsão de lançamento para 2024, a missão da NASA, Europa Clipper tem como objetivo desvendar os mistérios da lua Europa de Júpiter. Fonte: Getty Images
O aparelho desenvolvido por Cotinetti, porém, não havia sido pensado para analisar os gêiseres de Encélado, mas serviram perfeitamente para isso. O espectrômetro é excelente para o lançamento de grãos de gelo, justamente os materiais que podem carregar aminoácidos e até mesmo trechos intactos de DNA acima da superfície do satélite.
Na lua Europa, o funcionamento dos gêiseres é ainda mais incerto – eles vão e vêm, para você ter uma ideia. Assim, a missão Europa Clipper pode sanar muitas dúvidas sobre sua atmosfera, além de trazer mais clareza sobre a “vizinha” Encélado.
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