Após se interessar pela reclassificação de Plutão como um planeta anão, Francis Nimmo, professor de ciências planetárias da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos Estados Unidos, começou a se interessar por outro planeta semelhante, chamado Éris. O corpo celeste foi descoberto em 2005, quando os astrônomos detectaram o objeto cósmico no Cinturão de Kuiper; recentemente, o planeta anão se tornou objeto de um novo estudo publicado na revista científica Science Advances.
De acordo com informações do artigo, há alguns meses, o professor percebeu que alguns novos dados não publicados sobre Éris poderiam revelar mais informações sobre a propriedades do corpo celeste. Em parceria com Michael Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), Nimmo começou a estudar mais sobre a estrutura interna do planeta e descobriu que Éris pode ser mais 'mole' do que esperado.
O planeta anão Éris é o segundo maior planeta anão do Sistema Solar e está significativamente distante da Terra; a ilustração apresenta o núcleo rochoso e gelado do objeto.Fonte: NASA / Universidade da Califórnia em Santa Cruz
O artigo descreve que Éris e sua lua, Dismonia, estão voltadas uma para a outra. Suas características orbitais auxiliaram no entendimento sobre as estruturas internas de ambos os objetos cósmicos. Assim, os cientistas descobriram que o planeta anão é inesperadamente dissipativo devido à interação com Disnomia.; em outras palavras, ele possui uma estrutura mais 'mole' do que imaginavam.
"Isso acontece porque o grande planeta é desacelerado pelas marés que a pequena lua provoca nele. Quanto maior a lua, mais rápido o planeta desacelera. Então, assim que você entende isso, pode começar a fazer cálculos reais", Nimmo explicou em um comunicado oficial da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.
Éris: planeta anão ‘mole’
Os resultados das observações apontam que Éris tem uma camada de gelo em convecção ao redor de um núcleo rochoso; o que acontece é que os elementos radioativos de alta temperatura desse núcleo escapam das rochas e 'descongelam' o gelo, causando a convecção. Por isso, o núcleo do planeta anão pode ser mais 'mole' que duro — em uma comparação mais simples, os cientistas explicam que o corpo celeste se comporta mais como um 'queijo macio' do que como um objeto rígido.
De qualquer forma, os pesquisadores explicam que precisam analisar mais dados para verificar se a informação do novo estudo está realmente correta. Eles também buscam compreender mais detalhes da estrutura de Disnomia, pois os dados podem sugerir que Éris é ainda mais 'mole'.
"Fazemos o ponto de que Éris deve ser bastante liso, porque se houver alguma topografia na superfície, o gelo vai fluir e essa topografia desaparecerá. Seria bom obter algumas medidas da forma de Éris, porque se for muito irregular, isso não concordaria com nosso modelo”, acrescenta Nimmo.
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