Pesquisadores encontraram o primeiro exemplo de disco giratório em volta de uma estrela fora da Via Láctea. Essa estrutura é praticamente idêntica às encontradas em torno de estrelas jovens na nossa galáxia, e pode sugerir que a formação de corpos celestes é similar em pontos diferentes do universo.
A estrela em questão está localizada na Grande Nuvem de Magalhães, a cerca de 160 mil anos-luz da Terra. Seu sistema, denominado HH 1177, está envolto em uma grande nuvem de gás.
A observação foi feita pelo Atacama Large Millimeter Array (ALMA), um radiotelescópio inaugurado no deserto chileno em 2011, cuja estrutura possui mais de 60 antenas. Esse projeto é o maior já feito na astronomia terrestre, capaz de gerar imagens de alta resolução.
Representação artística mostra do sistema HH 1177, localizado na Grande Nuvem de Magalhães.Fonte: ESO/M. Kornmesser
A descoberta pode impactar na forma em que os cientistas compreendem a formação de planetas e estrelas, já que sugere similaridades entre galáxias distantes. É o que afirma a pesquisadora líder do projeto, Anna McLeod, da Universidade de Durham.
"Quando vi pela primeira vez evidências de uma estrutura rotativa nos dados do ALMA, não pude acreditar que havíamos detectado o primeiro disco de acreção extragaláctico. Foi um momento especial. Sabemos que os discos são vitais para a formação de estrelas e planetas na Via Láctea. Aqui, pela primeira vez, vemos evidências diretas disso em outra galáxia", completou.
Discos de Acreção
Como a matéria não pode cair diretamente em uma estrela, é comum que ela se junte e "plane" ao redor do corpo celeste. Portanto, são formados grandes discos de material difuso, que giram mais rápido conforme se aproximam do centro. Conhecidos como discos de acreção, eles costumam se formar em estrelas jovens, buracos negros ou estrelas de nêutrons.
O gás no centro do disco de acreção (mais próximo do objeto central), se move mais rápido do que a matéria na periferia do disco, e é essa variação na velocidade que chama a atenção para a presença deste fenômeno.
“A frequência da luz muda dependendo da rapidez com que o gás que emite a luz se aproxima ou se afasta de nós”, disse Jonathan Henshaw, pesquisador da Liverpool John Moores University.
Este é o mesmo fenômeno que ocorre quando o tom da sirene de uma ambulância muda à medida que ela passa por você, e a frequência do som vai de mais alta para mais baixa. Na física tradicional, chamamos de efeito Doppler. Na astronomia, ele é conhecido como "desvio para o vermelho" ou "desvio para o azul", dependendo se o objeto observado está se aproximando ou se afastando da Terra.
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