Um novo estudo publicado recentemente na Science Advances, revista da Associação Americana para o Progresso da Ciência, aponto um outro evento, ocorrido antes da queda do famoso asteroide há cerca de 66 milhões anos, como o possível verdadeiro responsável pela extinção em massa dos dinossauros, no final do período Cretáceo.
De acordo com uma equipe internacional de pesquisadores, o mundo primitivo não era nenhum jardim do Éden e mudanças ambientais significativas, iniciadas ainda no Cretáceo Superior, desencadearam “uma das crises bióticas mais notórias da história da Terra, levando ao desaparecimento de dinossauros não-aviários e à extinção de até 60% dos gêneros marinhos", diz o estudo.
Na verdade, afirmam os autores, dois eventos foram os principais impulsionadores da extinção de parte da vida na Terra: além do consagrado impactos do asteroide impresso na cratera Chicxulub no México, também a atividade vulcânica das chamadas Armadilhas de Deccan, na Índia. O estudo atual se concentra neste último, fornecendo estimativas dos teores de enxofre e flúor das lavas dos vulcões.
Medindo o flúor e o enxofre que iniciaram a extinção em massa
O estudo aponta que as altas taxas de flúor e enxofre, presentes nas lavas dos vulcões ativos na época, deram início a extinção de algumas espécies de dinossauros na Terra. Fonte: Getty Images
As estimativas das liberações de enxofre e flúor envolveram uma complexa combinação de química e experimentos, e se parece com cozinhar macarrão, diz o coautor Don Baker, da Universidade McGill, de Montreal no Canadá. “Imagine fazer macarrão em casa. Você ferve a água, adiciona sal e depois o macarrão. Parte do sal da água vai para a massa, mas não muito”, explica o professor.
Da mesma forma que o cálculo do sal retido na água do macarrão, os autores mediram a concentração de elementos que ficaram presos nos minerais que esfriaram após as erupções vulcânicas.
"Preparando o cenário" para a extinção dos dinossauros
A desgaseificação do enxofre dos vulcões de Deccan pode ter causado invernos vulcânicos.Fonte: Universidade McGill
Os modelos apontaram que a desgaseificação do enxofre liberado durante as explosões vulcânicas das Armadilhas de Deccan ´pode ter causado quedas contínuas e de curta duração da temperatura global. Para se ter uma ideia da magnitude desses eventos, o estudo afirma que a região liberou um milhão de quilômetros cúbicos de rocha derretida.
Essa formação de lava com enxofre altamente concentrado entre as regiões de Thakurwadi até Bushe, coincide com o clima frio do Cretáceo, explicam os pesquisadores. “A nossa investigação demonstra que as condições climáticas eram quase certamente instáveis, com repetidos invernos vulcânicos que poderiam ter durado décadas, antes da extinção dos dinossauros”, afirma Baker.
Essa instabilidade certamente dificultou muito a vida de todas as espécies animais e vegetais, e "preparado o cenário" para o desaparecimento dos dinossauros, afirmam os autores. Nesse sentido, as conclusões do novo estudo ajudam "a explicar este significativo evento de extinção que levou ao surgimento dos mamíferos e à evolução da nossa espécie", conclui Baker.
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