Uma nova inteligência artificial é capaz de mapear icebergs gigantes no oceano antes mesmo que você possa dizer a palavra "Titanic". E não, isso não é um exagero. Desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, esse programa identifica padrões de pixels das imagens obtidas por satélites e destaca esses icebergs em um tempo recorde: um centésimo de segundo!
Para se ter uma ideia, isso é cerca de 10 mil vezes mais rápido do que as checagens manuais mais eficientes. O artigo, intitulado "Mapeando a extensão dos icebergs gigantes da Antártida com Deep Learning", foi publicado na revista científica The Cryosphere. Para ilustrar melhor esse avanço, preste atenção no vídeo abaixo:
O vídeo demonstra a comparação entre o uso da IA e uma checagem manual, utilizando programas específicos para a identificação de estruturas em imagens de satélite.
Como pode ser observado, enquanto a inteligência artificial leva um centésimo de segundo para realizar o mapeamento, a checagem manual dura mais de 2 minutos. Pode parecer pouca coisa, mas em uma rotina de mapeamento dos movimentos de estruturas polares, que observa centenas de estruturas diariamente, isso resulta em uma economia absurda de tempo.
No segundo vídeo podemos ver em detalhes como funciona o algoritmo do novo programa. Analisando os pixels da imagem, a IA pode identificar as bordas de objetos rapidamente, o que torna a aplicação muito eficiente para o caso de grandes icebergs.
Aplicação no transporte marítimo e mudanças climáticas
Você pode estar se perguntando qual será a real aplicação desta IA no futuro. Embora existam muitas áreas que possam receber contribuições desta velocidade e eficiência, duas delas se destacam: o transporte marítimo e o combate às mudanças climáticas.
No primeiro caso, icebergs gigantes desprendidos das calotas polares podem causar acidentes e obstruir rotas importantes para o transporte comercial e militar nos oceanos. Por isso, é preciso que haja um mapeamento constante, assim como há nas rodovias e no transporte aéreo.
Com o aquecimento global, os icebergs estão se tornando um perigo maior para a navegação.Fonte: Getty Images
Por isso, o uso do programa pode diminuir a chance de acidentes como o do Titanic, que vitimou milhares de pessoas no início do século XX, e tornar as viagens mais rápidas.
Além disso, a identificação dos icebergs pode ajudar a entender melhor o estado de derretimento das calotas polares, e assim contribuir para a análise de dados de pesquisas relacionadas ao aquecimento global e ao aumento do nível dos mares.
“Os icebergs existem em partes de difícil acesso no mundo. Por isso, os satélites não são apenas uma ferramenta fantástica para observar onde eles estão, mas também podem ajudar os cientistas a compreender o processo de como eles derretem e se separam. O uso do novo sistema de IA ajuda a superar alguns dos problemas das abordagens automatizadas existentes, que podem ter dificuldade em distinguir entre icebergs e outros gelos flutuando no mar, ou mesmo em uma costa próxima que esteja presente na mesma imagem", afirmou a Dr. Anne Braakmann-Folgmann, que liderou o estudo no Centro de Observação e Monitoramento Polar da Universidade de Leeds.
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