De acordo com pesquisadores da Universidade de Cambridge, nos Estados Unidos, talvez não seja impossível viajar no tempo para o passado, ao contrário do que Albert Einstein acreditava. Em uma série de testes com a técnica de emaranhamento quântico, os pesquisadores conseguiram simular o que poderia acontecer se partículas 'viajassem no tempo para o passado'. O estudo foi publicado na revista científica Physical Letters Review.
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Como uma das características da teoria quântica explica que as partículas estão intrinsecamente ligadas durante um emaranhamento, eles puderam simular o que aconteceria ao 'ir para trás'. Os cientistas também utilizaram a técnica de metrologia quântica, capaz de realizar medições quânticas altamente sensíveis; dessa forma, eles conseguiram resolver alguns problemas que pareciam impossíveis até então.
O estudo tem como base os fundamentos da mecânica quântica. Fonte: Getty Images
A partir da teoria de que as partículas quânticas estão conectadas o suficiente para interagir entre si mesmas mesmo quando estão separadas uma da outra, eles realizaram simulações mostrando como alterar uma partícula do passado por meio de uma partícula do futuro. Inclusive, parte disso é a base da computação quântica, assim, é possível realizar cálculos extremamente complexos para um computador comum.
“Em nossa proposta, um experimentalista entrelaça duas partículas. A primeira partícula é então enviada para ser usada em um experimento. Ao obter novas informações, o experimentalista manipula a segunda partícula para alterar efetivamente o estado passado da primeira partícula, mudando o resultado do experimento”, disse a coautora e pesquisadora do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) e da Universidade de Maryland, Nicole Yunger Halpern, em comunicado oficial.
Emaranhamento quântico e viagem no tempo
De acordo com o principal autor da pesquisa e associado do Laboratório Hitachi Cambridge, David Arvidsson-Shukur, apesar de o efeito do emaranhamento quântico ser notável, ele aconteceu como esperado apenas uma em cada quatro vezes. Ou seja, a simulação só funcionou 25% das vezes. Felizmente, ele explica que isso também pode ser considerada uma boa notícia, pois os pesquisadores sabem exatamente quantas vezes o experimento falhou.
Os cientistas afirmam que não estão propondo uma máquina de viagem no tempo, mas uma pesquisa que ajuda compreender melhor os fundamentos da mecânica quântica.Fonte: Getty Images
Para tentar contrariar a probabilidade de 75% de erro, os pesquisadores afirmam que seria necessário enviar um grande número de fótons emaranhados para enviar as informações corretas e atualizadas ao 'passado'. A partir daí, eles utilizariam um filtro para garantir que apenas os fótons corretos fossem para o destino certo (passado); o mesmo filtro rejeitaria a porcentagem de fótons ruins responsáveis por causar as falhas.
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“O fato de precisarmos usar um filtro para fazer nosso experimento funcionar é realmente bastante reconfortante. O mundo seria muito estranho se a nossa simulação de viagem no tempo funcionasse sempre. A relatividade e todas as teorias nas quais estamos construindo a nossa compreensão do nosso universo estariam fora da janela. Não estamos propondo uma máquina de viagem no tempo, mas sim um mergulho profundo nos fundamentos da mecânica quântica. Essas simulações não permitem que você volte e altere seu passado, mas permitem que você crie um amanhã melhor, resolvendo hoje os problemas de ontem”, disse Arvidsson-Shukur.
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