Em meados dos anos 1960, o físico Freeman Dyson publicou um artigo que propunha uma forma de buscar por inteligências alienígenas: investigando a teoria das megaestruturas próximas de estrelas, como o Sol — o conceito foi nomeado de esfera de Dyson. Agora, um novo estudo publicado na revista de pré-impressão arXiv sugere que os astrônomos busquem por assinaturas de vida inteligente ao investigar outros sinais das esferas de Dyson.
O coautor do estudo, Jason T. Wright, e professor de astronomia do Center for Exoplanets and Habitable Worlds e do Penn State Extraterrestrial Intelligence Center (PSTI), nos Estados Unidos, fez recomendações para que os cientistas do Search for Extraterrestrial Intelligence (SETI) procurem por sinais de supostas atividades das esferas de Dyson.
O que são as esferas de Dyson?
As esferas de Dyson são megaestruturas tecnológicas que podem absorver energia de uma grande estrela, como o Sol, e convertê-la em um tipo de energia que pode ser utilizada por uma civilização avançada.
Essas estruturas esféricas gigantescas seriam construídas próximas da estrela e possuiriam milhares de painéis de energia solar, capturando e convertendo a energia em eletricidade — assim, os 'alienígenas' usariam energia de uma fonte extremamente poderosa e disponível em todo o universo.
Em 2015, a luz da estrela KIC 8462852 começou a escurecer; astrônomos pensavam que isso poderia ser resultado de uma esfera de Dyson, mas descobriram que provavelmente se tratava de poeira ‘escondendo’ a estrela.Fonte: Getty Images
Na maioria das teorias, os pesquisadores apontam que seria possível buscar pelo calor residual dessas megaestruturas, contudo, Wright propõe que a investigação seja realizada com o intuito de pesquisar os vestígios da finalidade das esferas de Dyson. Por exemplo, alguns investigadores do SETI acreditam que a esfera de Dyson poderia ser utilizada como um motor estelar ou como um supercomputador massivo, conhecidos como Propulsor Shkadov e Cérebro Matrioshka, respectivamente. Ou seja, ele propõe buscar por não apenas sinais de calor, mas vestígios adjacentes dessas finalidades.
"Contrariando as expectativas de alguns autores de que as esferas de Dyson seriam extremamente grandes e frias para maximizar sua eficiência, descubro que, com um orçamento de massa fixo, a configuração ideal é na verdade para esferas muito pequenas e quentes, que capturam a maior parte, mas não toda a luz que escapa. Portanto, podemos expandir nossos parâmetros de pesquisa para temperaturas bem acima de 300K (um pouco mais quentes do que a Terra), porque a extração de energia da luz estelar é mais eficiente mais próxima da estrela, onde as condições são mais quentes", conclui Wright em uma mensagem enviada ao site Universe Today.
Megaestruturas ou planetas industriais?
Em outro artigo escrito por uma equipe de cientistas da Índia, publicado no servidor arXiv e em revisão na revista científica Astrophysics and Space Science, eles sugerem que existe uma nova alternativa para buscar por assinaturas tecnológicas de civilizações alienígenas — sem nenhuma relação direta com as megaestruturas de Dyson. A pesquisa foi nomeada de 'Making Habitable Worlds: Planets Versus Megastructures' (Fazendo Mundos Habitáveis: Planetas Versus Megaestruturas em português).
Para o líder da pesquisa e estudante de física na Universidade Cristã de Bangalore, Raghav Narasimha, talvez a melhor alternativa seja buscar por 'Planetas de Serviços'; o conceito explica que existem ‘mundos industriais’, ou seja, planetas construídos especificamente para produzir energia para uma civilização.
A ideia da esfera de Dyson (ilustração) surgiu em um momento em que os astrônomos não sabiam que existiam tantos exoplanetas; em 1992 descobrimos o primeiro, atualmente já são mais de cinco mil catalogados.Fonte: Breakthrough Listen/Danielle Futselaar
Os astrônomos estimam que a Via Láctea é a casa de, pelo menos, 100 bilhões de planetas, por isso, pode ser muito mais 'provável' que os alienígenas utilizem um mundo até esgotar seus recursos e continuem o mesmo processo por tempo ilimitado. Teoricamente, a civilização extraterrestre seria capaz de mover um planeta para a zona habitável de uma estrela utilizando lasers de potência Zetawatt ou Etawatt (1024 W).
A equipe de cientistas afirma que os 'planetas industriais' poderiam ser detectados por meio de assinaturas tecnológicas distintas, como a partir de dados de laser de banda estreita. Por isso, eles recomendam que os astrônomos busquem por assinaturas de Arquiteturas Estranhas de Exoplanetas (SEAs).
"Sistemas planetários como Kepler-20 ou TRAPPIST-1, nos quais muitos planetas parecidos com a Terra (planetas rochosos de baixa massa) estão dispostos próximos à sua estrela, a uma distância menor do que a órbita de Mercúrio, representam outra possível indicação de uma astroengenharia avançada de ETs. Parece incomum ver tantos planetas do tipo terrestre em uma zona tão estreita e próxima de suas estrelas. Isso poderia sugerir que esses planetas poderiam ter sido deliberadamente movidos para a zona habitável de suas estrelas-mãe”, disse Narasimha.
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