Na dança do Sistema Solar, cerca de duas vezes por ano, ocorrem condições físicas favoráveis para que o Sol, a Terra e a Lua estejam perfeitamente alinhados no espaço para produzir eclipses solares ou lunares.
Neste ano, no próximo dia 14 de outubro, um eclipse solar anular poderá ser visto da superfície terrestre, pois a Lua Nova passará justamente na frente do disco solar, interpondo-se entre nós e o astro rei. A última vez que observadores da Terra tiveram a chance de observar um eclipse solar anular foi há dois anos atrás, no evento do dia 10 de junho de 2021.
Durante o período de um algumas horas, o disco da Lua passou na frente do disco solar, bloqueando sua luz de forma parcial. É exatamente isso que ocorrerá no dia 14 de outubro deste ano, que oferecerá a milhões de expectadores do continente americano (incluindo nós, brasileiros) a chance de ver este belíssimo fenômeno. Você conhece a ciência por trás dele?
Os diferentes tipos de eclipses solares
Um eclipse solar anular é um dos três tipos possíveis de ocorrer como resultado da confluência precisa das posições da Terra, Lua e Sol. O eclipse solar total, que ocorre quando a Lua está perfeitamente alinhada entre a Terra e o Sol, bloqueando completamente o disco solar e, portanto, toda sua luz (exceto a proveniente de sua coroa, uma camada externa da atmosfera solar), mergulhando a paisagem na escuridão total
O eclipse solar parcial, que ocorre quando a Lua bloqueia apenas uma parte da luz solar, criando uma sombra parcial na superfície da Terra, sendo o tipo mais comum e que pode ser observado de regiões mais amplas do planeta e, finalmente
Representação dos diferentes tipos de eclipses solares.Fonte: Time and Date
E o eclipse solar anular, que ocorre quando a Lua está mais distante da Terra em sua órbita elíptica e, portanto, não cobre completamente o Sol, deixando visível uma fina borda brilhante de luz solar visível ao redor da Lua como um “anel de fogo”.
O “anel de fogo” será visto no dia 14 de outubro apenas em alguns locais selecionados aqui na Terra por observadores sortudos presentes no chamado “caminho da anularidade”. Os demais observadores localizados na faixa de sombra do fenômeno poderão observar um eclipse solar parcial.
Eclipse anular sobre os Estados Unidos.Fonte: Colleen Pinski
Este eclipse anular é um sinal de que apenas 6 meses depois, no dia 8 de abril de 2024, um eclipse solar total acontecerá em nosso planeta, que vem sendo chamado de Grande Eclipse Solar Norte-americano. Mas não se engane, isto não é mera coincidência!
Quando juntamos o movimento orbital da Lua em torno da Terra, o movimento da Terra em torno do Sol, e as leis da gravidade, que ditam o movimento de ambos, isto se torna uma consequência obrigatória!
O papel da órbita da Terra
Embora assumir órbitas circulares para a Terra ao redor do Sol a para a Lua ao redor da Terra seja capaz de explicar satisfatoriamente fenômenos como um dia de 24 horas, as fases da Lua, as estações do ano e diversos outros eventos astronômicos, há um problema que surge dessa simplificação: se estas órbitas fossem, de fato, perfeitamente circulares, a cada mês lunar, quando a Lua estivesse em sua fase nova, ela passaria entre o Sol e a Terra, criando um eclipse solar e, quando a Lua estivesse em sua fase cheia, mergulharia na sombra da Terra, criando um eclipse lunar.
Representação dos diferentes planos orbitais da Terra-Sol e Terra-Lua.Fonte: Research Gate
Isso, é claro, não ocorre. A razão que explica a raridade relativa destes eventos celestes se deve ao fato de que a Terra orbita o Sol em um plano (como em uma folha de papel) e a órbita da Lua ao redor da Terra ocorre em um plano diferente (em outra folha de papel): um que faz um ângulo menor, mas importante, de cerca de 5,2 graus em relação ao plano Sol-Terra.
Ainda que pareça um ângulo muito pequeno, ele é bastante grande se comparado com o tamanho angular da Lua ou do Sol no céu, que tem apenas cerca de meio grau. Desse modo, em relação ao plano Terra-Sol, a Lua está quase sempre completamente “acima” ou “abaixo” dele, tornando os eclipses impossíveis durante esses períodos.
- Saiba também: Como observar um eclipse lunar?
No entanto, como a paciência é uma virtude, eventualmente, a Lua, em sua órbita ao redor da Terra, entrará e sairá do plano Terra-Sol duas vezes por mês. E há duas ocasiões por ano (uma em cada lado da órbita Terra-Sol) em que a Lua mergulha no plano Terra-Sol durante as suas fases nova e cheia.
Esses eventos, onde ambos os planos se alinham, são as condições favoráveis para a ocorrência de um eclipse: se a Lua e o Sol estiverem em lados opostos da Terra (isto é, durante uma fase cheia), as condições serão adequadas para um eclipse lunar; se a Lua e o Sol estiverem no mesmo lado da Terra (isto é, durante a fase nova), as condições serão adequadas para um eclipse solar.
Nunca olhe para o Sol sem equipamento adequado de proteção.Fonte: Getty Images
Marque no seu calendário e não esqueça: no próximo dia 14 de outubro, o céu de diversos países da América, incluindo o Brasil, presenciarão um eclipse solar anular/parcial. Para os brasileiros localizados em regiões dos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, o fenômeno será anular e para os demais, será parcial, sendo melhor visualizado por observadores no Norte e Nordeste do país.
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O evento ocorrerá por volta das 15 horas no horário de Brasília, mas fique atento! Durante o evento, não é seguro olhar diretamente para o Sol sem proteção ocular especializada para visualização solar!
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