O comércio de meteoritos é algo que acontece em todo o mundo, afinal, eles caem com frequência na Terra; não é à toa que 'caçadores de meteoritos' buscam por rochas cósmicas em diversas regiões dos planeta. Contudo, existe um problema: não se deve usar ímãs para procurar meteoritos, já que eles podem destruir informações importantes que estão retidas na 'pedra'.
A realidade é que a astronomia não é uma ciência completa e ainda precisa estudar milhares de amostras espaciais, seja de exoplanetas, de estrelas distantes ou de meteoritos que caíram na Terra. Um dos métodos mais comuns para procurar e testar é utilizar ímãs, pois as rochas espaciais são ricas em diferentes tipos de metais; contudo, isso pode ser um problema.
Um estudo publicado na revista científica Journal of Geophysical Research: Planets sugere que mesmo um pequeno ímã pode apagar as informações retidas em um campo magnético em um meteorito. A pesquisa mostrou que antigos meteoritos marcianos perderam suas memórias magnéticas após os aproximarem de ímãs.
“Tocar um meteorito com um ímã resulta na destruição quase instantânea de seu registro magnético. Aqui, nós apresentamos os efeitos destrutivos de expor meteoritos a ímãs por meio de modelagem numérica, um experimento controlado de remagnetização em um basalto terrestre e um estudo paleomagnético do grupo de pareamento do meteorito marciano mais antigo conhecido, o Northwest Africa (NWA) 7034”, é descrito na introdução do estudo.
Imãs e meteoros
De acordo com os cientistas, os meteoritos podem conter informações importantes que ajudam a revelar mais sobre de onde o meteoro surgiu; além disso, eles também conseguem compreender melhor a cerca de alguns elementos químicos do nosso universo. Por exemplo, os astrônomos são capazes de utilizar os dados retidos no campo magnético da rocha para descobrir mais sobre os blocos de construção da vida.
Os ímãs podem apagar informações importantes dos meteoritos, por isso, não são indicados; a imagem apresenta uma amostra do NWA 7034.Fonte: MIT
No caso de um meteorito marciano, os pesquisadores podem utilizar os dados para estudar o passado antigo do planeta, inclusive, alguns contém minerais que auxiliam em mais respostas. O cientista planetário e um dos autores do estudo, Foteini Vervelidou, explica que a oportunidade de estudar essas rochas cósmicas pode ser desperdiçada caso elas sejam encontradas por meio do uso de ímãs.
Após a utilização de um ímã, seja para buscar pelo meteorito ou para testar a autenticidade da ‘pedra’, o magnetismo natural da amostra é eliminado. A partir daí, ela apresentará um padrão distinto com as partes externas mais magnetizadas que o núcleo; foi o que aconteceu com todos os pedaços encontrados do NWA 7034 e, por isso, não foi possível detectar informações sobre o antigo campo magnético de Marte.
Apesar de ser um instrumento caro, os medidores de suscetibilidade podem ser a melhor opção para detectar um meteorito.Fonte: Reprodução/NASA
“Houve ali um registo incrível e uma oportunidade única para compreender a história inicial do magnetismo de Marte. Mas descobrimos que tudo foi destruído por ímãs. Há uma longa história de becos sem saída e confusão sobre rochas remagnetizadas”, disse o autor do estudo, Benjamin Weiss, professor de ciências planetárias no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
O que utilizar no lugar dos ímãs?
Amostras do meteorito NWA 7034, apelidado de Beleza Negra, foram encontradas em desertos da África; os cientistas descobriram que a rocha continha cristais que se formaram em marte há 4,4 bilhões de anos. Infelizmente, o campo magnético de todas as amostras foi 'apagado' após o uso dos ímãs.
A equipe de investigadores explica que a melhor forma de testá-los é por meio de medidores de suscetibilidade, pequenos instrumentos portáteis que podem identificar se realmente trata-se de uma rocha cósmica. Dessa forma, as informações magnéticas continuarão intactas.
“Houve uma incrível explosão de diversidade e número de meteoritos nos últimos 20 anos ou mais, e devemos um agradecimento aos caçadores de meteoritos por encontrarem essas coisas. Mas a desvantagem, a barganha do diabo, é que muitas vezes eles usam ímãs para encontrá-los e, no processo, destroem imediatamente seu registro magnético”, conclui Weiss.
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