O sucesso do helicóptero Ingenuity da NASA, que vem realizando missões surpreendentes em Marte desde fevereiro de 2021, inspirou um grupo de cientistas a propor o uso dessa tecnologia pioneira para realizar investigações do campo magnético da crosta do planeta vermelho.
A ideia é que helicópteros solares robóticos transportem magnetômetros capazes de responder a algumas questões-chave sobre a evolução do planeta. Utilizados na Terra para prospectar minérios, esses instrumentos de pesquisa geofísica poderiam auxiliar os cientistas a compreender melhor a geologia de Marte e a história do seu campo magnético, hoje inexistente.
Mas esse cenário nem sempre foi assim. Com base em orbitadores (Mars Global Surveyor e Mars Atmosphere and Volatile Evolution da NASA, além do chinês Tianwen-1), os pesquisadores afirmam que há bilhões de anos, os processos internos do planeta vermelho eram ativos o bastante para impulsionar um campo magnético global, como o da Terra.
Investigando o campo magnético de Marte
De acordo com a primeira autora do artigo, dra. Anna Mittelholz, da Universidade de Harvard, nos EUA, "o campo magnético global de um planeta (como o da Terra) é impulsionado pela convecção vigorosa do ferro no núcleo e é, portanto, uma expressão do que está acontecendo nas suas profundezas", explicou ao Universe Today.
A existência dessa proteção está relacionada a processos importantes, como a fixação da atmosfera de um mundo habitável. Os cientistas teorizam que, há cerca de quatro bilhões de anos, Marte possuía um campo magnético, que propiciava um ambiente bem mais hospitaleiro que o atual. A paisagem marciana incluía até mesmo um fluxo de água líquida através da superfície.
Cenário geológicos para voos de helicópteros em Marte
Ilustração artística do hipotético campo magnético original de Marte.Fonte: NASA/JPL-Caltech
Para realizar essas difíceis medições, a equipe elaborou modelos de magnetização e avaliou três cenários geológicos para a atuação de helicópteros em Marte. O primeiro foi uma cratera magnetizada, seguido de camadas crustais magnetizadas individualmente e, finalmente, uma intrusão de dique magnetizada, que ocorre quando o magma se infiltra em uma fratura de rocha e se solidifica.
A avaliação dos cenários mostrou que as medições coletadas do ar fornecem melhores dados, principalmente durante os momentos de menor interação com partículas carregadas de vento solar, quando a atividade magnética é mais silenciosa. Eles também ratificaram a importância dos dados magnéticos coletados pelo magnetômetro do módulo de pouso InSight da NASA, desativado em dezembro de 2022.
Ao utilizar dados do campo magnético para identificar recursos contendo ferro, o objetivo geral da pesquisa foi examinar de que forma a blindagem do campo magnético poderia proteger futuros astronautas da radiação solar e cósmica. Extremamente mais elevados do que os da Terra, esses níveis de exposição condenaram o planeta inteiro a uma aparente morte sem água líquida, sob temperaturas congelantes.
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