O Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelou quinta-feira (31) detalhes inéditos de uma das supernovas próximas da Terra mais observada em tempos modernos: a chamada SN1987A. Quando ocorreu em 1987, esse evento astronômico provocou uma explosão estelar tão brilhantes que pôde ser vista do nosso planeta, mesmo a 168 mil anos-luz de distância.
Gerada a partir das consequências extremas da morte de uma estrela gigante, essa supernova fica na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia menor que orbita nossa Via Láctea. A SN1987A vem sendo amplamente observada desde fevereiro de 1987, em comprimentos de onda que vão desde raios gama até ondas de rádio.
Mas mesmo algumas das observações mais poderosas, feitas pelos telescópios espaciais Hubble, Spitzer e Chandra X-ray, não conseguiram a riqueza de detalhes obtida agora pelo JWST. A câmera de infravermelha próximo (NIRCam) do telescópio espacial revelou características estruturais de uma supernova nunca vistas antes.
Detalhes da estrutura da supernova
A região azulada central são nuvens de gás e poeira liberados na explosão em 1987.Fonte: Webb Space Telescope
A principal imagem da supernova 1987A mostrada pelo JWST revela uma estrutura central azulada: são nuvens de gás e poeira ejetados pela explosão. "A poeira é tão densa que mesmo a luz infravermelha próxima que o Webb detecta não consegue penetrá-la, formando o 'buraco' escuro na fresta da fechadura", diz o comunicado oficial.
Em volta desse falso buraco há um anel equatorial e uma estrutura em forma de meia-lua, em tom avermelhado, que são os remanescentes de detritos expelidos há dezenas de milhares de anos, antes mesmo da explosão da supernova. Já os "pontos quentes" existentes ao longo do anel são marcas da onda de choque do evento estelar nessa estrutura.
Indo além dos seus antecessores, o JWST encontrou também uma característica até então inédita dentro dos remanescentes da supernova: pequenas estruturas em forma de crescente. De acordo com a equipe do telescópio, essas formas retratam as camadas externas de gás da grande explosão.
De olhos em uma possível estrela de nêutrons
Uma das consequências da explosão de supernova é uma estrela de nêutrons.Fonte: GettyImages
Uma das consequências naturais da explosão cataclísmica de uma supernova é a formação de uma estrela de nêutrons (a outra seria um buraco negro, se a estrela fosse maior). Mas esse objeto tão denso a ponto de os prótons e elétrons se combinarem para formar nêutrons não foi encontrado na SN 1987A.
Há, porém, evidências indiretas de sua existência em emissões de raios-X detectados pelos observatórios Chandra X-ray e NuStar da NASA, e do ALMA no deserto do Atacama, no Chile. Para esses observadores, a estrela de nêutrons poderia estar "escondida" dentro dos aglomerados de poeira.
A líder do atual estudo, Mikako Matsuura, concorda. Para ela, "Os grãos de poeira absorvem a luz da estrela de nêutrons, e esse é provavelmente o motivo pelo qual ainda não a detectamos".
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