Embora conheçamos bem a Nova Zelândia, pelo menos dos filmes das trilogias O Senhor dos Anéis e O Hobbit, pouca gente sabe que esse país é remanescente de uma cadeia de montanhas “que formava a crista de uma grande área continental que se estendia em direção ao sul e a leste, e que agora está submersa”.
Essa citação, feita em 1995 pelo geofísico e oceanólogo americano Bruce Peter Luyendyk, propunha a existência de um oitavo continente — que ele chamou apenas de Zelândia — que teria cerca de 94% de sua área mergulhados no mar. Diferentemente dos demais continentes conhecidos, a Zelândia é uma extensa plataforma continental assentada sobre duas placas litosféricas.
Mas foi somente em 2017 que um grupo de geólogos da Austrália, Nova Zelândia e Nova Caledônia conseguiu comprovar em um estudo que a Zelândia preenchia todos os requisitos exigidos pelo Glossário de Geologia em vigor para ser considerada como um continente autônomo.
Mistérios do continente submerso
A Zelândia é o menor, mais fino e mais jovem continente da Terra.Fonte: Ulrich Lange/Wikimedia Commons
Se academicamente Zelândia é conhecida com continente há seis anos, o mesmo não se pode dizer sobre as características do seu território, pois explorá-lo implica em transpor uma barreira de mais de um quilômetro de água. O que se sabe é que essa massa de terra fez parte do supercontinente Gondwana, antes de se desmembrar por forças tectônicas e submergir há 85 milhões de anos, formando o Mar da Tasmânia.
No entanto, admirados com a pouca espessura da massa de terra do jovem continente, os cientistas não conseguem compreender ainda como ele colapsou sem se dividir em partes menores. Há também controvérsias sobre o próprio fato de a Zelândia ter ficado alguma vez acima do nível de água ou se sempre esteve submersa desde as suas origens.
A questão é importante, visto que, se a hipótese de o continente ter submergido for correta, que tipo de vida o teria habitado na superfície?
Os antigos habitantes da Zelândia
Saurópodes e anquilossauros podem ter vivido na Zelândia antes da submersão.Fonte: Getty Images
Embora não existam ainda evidências fósseis que possam dar uma pista sobre os habitantes ancestrais da Zelândia, há pequenos achados, como restos de saurópodes (dinossauros pescuçudos) e de um possível anquilossauro, ambos descobertos na Nova Zelândia na década de 1990.
Já em 2006 foi encontrado, nas Ilhas Chatham, o osso de um suposto alossauro. Todos os achados, tanto dos herbívoros gigantes quanto desse dinossauro do Jurássico, coincidem com o período em que a Zelândia teria se separado de Gondwana.
Há ainda um mistério relacionado aos atuais pássaros kiwi, as tradicionais aves não voadoras características da Nova Zelândia. Existe uma relação entre essas aves de olhos redondos com o extinto pássaro-elefante-gigante da Madagascar. Embora geograficamente isolados uma da outra, é possível que tenham partilhado um ancestral comum em Gondwana.
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