Uma equipe de paleontólogos brasileiros fez uma descoberta incrível em um sítio arqueológico no João de Polêsine, no interior do Rio Grande do Sul: trata-se do fóssil mais completo de um ancestral do clássico pterossauro. Segundo os cientistas, a descoberta pode fornecer mais respostas sobre alguns dos mistérios evolutivos em relação aos ancestrais dos pterossauros.
De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature, uma equipe de paleontólogos descobriu restos fossilizados do dinossauro da espécie Venetoraptor gassenae. O animal faz parte da Pterosaurmorpha, uma família que também inclui o pterossauro — ou seja, eles são parentes, como primos.
Os cientistas explicam que o fóssil foi encontrado embutido em uma camada de rocha e, por isso, estava tão bem preservado. Até então, ninguém havia encontrado restos tão completos, inclusive, foram os paleontólogos brasileiros que nomearam o dinossauro de Venetoraptor gassenae; o réptil era uma criatura bípede com quatro patas e não media mais que um metro de altura. Além disso, diferentemente do pterossauro, ele não voava.
O nome Venetoraptor gassenae é uma homenagem ao local onde foram encontrados os fósseis, no distrito Vila Vêneto, e ao nome da professora e fundadora do Cappa, Valserina Maria Bulegon Gassen.Fonte: Caio Fantini
“As descobertas indicam que os lagerpetídeos eram tão morfologicamente diversos quanto os pterossauros do Triássico e mais morfologicamente diversos do que os dinossauros do Triássico. Isso implica que tal diversidade já estava começando a florescer nos precursores dos dinossauros e pterossauros e não foi algo que surgiu apenas após a origem desses dois grupos”, o estudo descreve.
Fóssil de um ancestral do pterossauro
O animal pré-histórico tem idade estimada em 230 milhões de anos e pertence à família dos lagerpetídeos, um tipo de réptil que os cientistas pensavam serem apenas saltadores semelhantes a coelhos. O estudo sugere que talvez isso não esteja completamente correto, e que esses animais se dispersaram e possibilitaram a diversificação de outras espécies, como o pterossauro.
A ilustração acima apresenta detalhes do esqueleto e estatura de um Venetoraptor.Fonte: Caio Fantini
Os restos foram descobertos no sítio Buriol, no município de São João de Polêsine, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Há décadas, a região é estudada por paleontólogos, inclusive, é considerada uma das regiões onde foram encontrados alguns dos mamíferos mais antigos descobertos nos últimos anos.
"A ideia de que todos eram saltadores e cursoriais veio da descrição do fóssil Lagerpeton, mas agora a gente observa uma variedade maior, com essas garras especializadas para alguma coisa, não sabemos bem se era para escalar árvores, acreditamos que sim", disse o o paleontólogo, autor do estudo e diretor do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa), Rodrigo Müller, ao jornal Folha de São Paulo.
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