As ondas gravitacionais, provenientes principalmente de pares de buracos negros que se fundem, estão constantemente ondulando pelo universo. Ao chegarem na Terra, na maioria das vezes, são tão fracas que mal são perceptíveis. Mas recentemente, surgiu o questionamento: seria possível utilizá-las para causar grandes impactos, como lançar planetas para o espaço ou até destruir a Terra?
No episódio recente do podcast "Dead Planets Society", apresentado por Chelsea Whyte e Leah Crane, os apresentadores discutiram o poder dessas ondas se fossem amplificadas.
A conversa gira em torno da ideia de gerar uma onda gravitacional potente o suficiente para ser sentida ou mesmo devastar um planeta. Christopher Berry, especialista do LIGO, se une ao debate, esclarecendo que, embora estas ondas geralmente sejam minúsculas, ao se aproximar de sua fonte, como um buraco negro em fusão, elas poderiam ter um efeito muito mais pronunciado. A discussão levanta intrigantes questões sobre manipulação cósmica e as capacidades da física do espaço-tempo.
Um fato impressionante revelado por Berry é que, no momento exato em que dois buracos negros se fundem, eles emitem uma quantidade de energia em ondas gravitacionais superior à luminosidade de todas as estrelas do universo visível combinadas. Entretanto, as complexidades do espaço-tempo próximo a tais fontes tornam a distinção entre a onda e a gravidade subjacente desafiadora.
Em conclusão, se estivéssemos próximos o suficiente de uma fonte de ondas gravitacionais, como dois buracos negros em fusão, os efeitos seriam nitidamente perceptíveis, podendo resultar em alongamentos e compressões de até 100%.
A capacidade do LIGO de estudar as características das ondas gravitacionais permitirá aos cientistas estudar os buracos negros de uma maneira totalmente nova.Fonte: Getty Images
Além dessa discussão, um estudo inédito, ainda aguardando revisão por pares, também mergulhou em um território ainda não mapeado sobre ondas gravitacionais.
Frans Pretorius, da Universidade de Princeton, e William East, do Perimeter Institute for Theoretical Physics, investigaram o que aconteceria se duas ondas gravitacionais planas - diferentes das ondas esféricas geradas por colisões de objetos como estrelas de nêutrons - se encontrassem. Estas ondas planas, semelhantes a maremotos, são geradas por objetos movendo-se à velocidade da luz.
"Quando duas dessas ondas colidem com alta energia, o espaço-tempo se curva intensamente, levando à formação de um buraco negro", explica Pretorius à New Scientist. Em simulações, constatou-se que cerca de 85% da energia destas ondas poderia ser convertida em um buraco negro, enquanto os 15% restantes seriam emitidos como ondas gravitacionais esféricas mais fracas.
O poder necessário para gerar tais ondas supera em muito o que já observamos. Enquanto instalações como LIGO e VIRGO detectam ondas gravitacionais que comprimem o espaço-tempo em uma fração de átomo, as ondas capazes de criar um buraco negro seriam tão intensas que poderiam alterar o espaço-tempo em quilômetros.
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