Em um estudo realizado na Universidade da Califórnia (UCLA), nos Estados Unidos, uma equipe de cientistas confirmou a existência da galáxia mais fraca conhecida pela humanidade, nomeada de JD1. Os dados coletados pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) apontam que a galáxia foi observada como era apenas 480 milhões de anos após o início do Big Bang.
A galáxia é uma das mais fracas justamente porque é uma das mais distantes observadas pelos telescópios espaciais, com diferentes características, como névoas de átomos de hidrogênio que surgiram após o Big Bang. A ciência explica que estrelas, galáxias e outros objetos cósmicos que surgiram centenas de milhões de anos após o Big Bang são responsáveis por 'queimar' a névoa de hidrogênio, por isso, ela só é detectada nas regiões mais distantes da Terra.
Os astrônomos costumam classificar o primeiro bilhão de anos do universo como a época da reionização, quando esta névoa estava queimando. Publicado na revista científica Nature, o estudo sugere que os dados podem ajudar em uma melhor compreensão desse período, mas destaca que ainda é necessário observar outros objetos cósmicos da mesma época.
sOriginalmente, a galáxia mais fraca do universo, JD1, foi descoberta pelo Telescópio Espacial Hubble em 2014, contudo, sua distância só foi confirmada pelo James Webb.Fonte: NASA/ESA/CSA/Swinburne University of Technology/University of Pittsburgh/STScI
“O universo em que vivemos é transparente, onde a luz das estrelas e das galáxias brilha contra um pano de fundo claro e escuro. Mas nem sempre foi assim — em seus primeiros anos, o universo estava cheio de uma névoa de átomos de hidrogênio que obscurecia a luz das primeiras estrelas e galáxias”, explica um dos autores do estudo e pesquisador de pós-doutorado em Astrofísica na Universidade da Califórnia, Guido Roberts-Borsani, em um artigo publicado no site The Conversation.
Galáxia mais fraca do universo
Roberts-Borsani explica que telescópios com instrumentos infravermelhos, como do JWST e outros que estão sendo desenvolvidos, são extremamente necessários para a observação das galáxias mais distantes do universo, como JD1. Isso acontece por conta do desvio para o vermelho, pois quanto mais distantes e próximos do início do Big Bang estão os objetos, mais a luz será desviada para o vermelho.
A imagem apresenta as névoas de hidrogênio que surgiram no início do universo.Fonte: NASA/JPL-Caltech
A partir de dados do espectrógrafo de infravermelho próximo (NIRSpec) do Webb, os cientistas identificaram a distância em relação à Terra, o número de estrelas jovens que se formaram e a quantidade de elementos pesados e poeira cósmica produzida na região. De qualquer forma, os pesquisadores explicam que só conseguiram visualizar a galáxia por conta de lentes gravitacionais causadas pelo aglomerado de galáxias Abell 2744 — as lentes gravitacionais funcionam como uma lupa cósmica, por isso, auxiliaram na ampliação da luz de JD1.
- Leia também: Como será o futuro da Via Láctea?
“Isso não significa apenas que nós, como astrônomos, podemos estudar as regiões internas das galáxias iniciais, mas também que podemos começar a determinar se essas galáxias iniciais eram fontes pequenas, compactas e isoladas ou se estavam se fundindo e interagindo com galáxias próximas. Ao estudar essas galáxias, estamos rastreando os blocos de construção que moldaram o universo e deram origem ao nosso lar cósmico”, explica o astrônomo.
Mantenha-se atualizado sobre as últimas descobertas do Telescópio Espacial James Webb aqui no TecMundo e descubra 5 fatos fascinantes sobre a teoria do Big Bang.
Fontes
Categorias