De acordo com um estudo publicado na revista científica Science Advances, Saturno sofre com tempestades gigantescas a cada 20 ou 30 anos. Cientistas da Universidade da Califórnia e da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, afirmam que as tempestades são tão poderosas que deixam evidências de elementos químicos na superfície do gigante gasoso, mesmo após quase três décadas do evento original.
Para chegar ao resultado, os cientistas utilizaram dados de emissões de rádio coletados pelo observatório Very Large Array (VLA), no Novo México, mas eles ainda não conseguiram compreender os fatores que causam o fenômeno recorrente. As tempestades são semelhantes aos furacões que surgem no planeta Terra, contudo, muito mais agressivas.
Segundo os pesquisadores, os dados detectaram uma anomalia na concentração de amônia na atmosfera do planeta, um fenômeno que pode estar relacionado ao evento. A primeira 'megatempestade' de Saturno foi detectada em 2010, inclusive, aproximadamente 12 semanas depois, a sonda Cassini fotografou uma imagem que apresenta uma tempestade gigantesca na superfície do planeta gasoso.
As primeiras observações do fenômeno em Saturno aconteceram em 2010, mas a imagem acima é referente a 12 semanas após o início das 'megatempestades'.Fonte: NASA/JPL/Space Science Institute
“Entender os mecanismos das maiores tempestades do sistema solar coloca a teoria dos furacões [na Terra] em um contexto cósmico mais amplo, desafiando nosso conhecimento atual e ampliando os limites da meteorologia terrestre”, disse o principal autor do estudo e professor assistente na Universidade de Michigan, Cheng Li, em comunicado oficial.
Saturno e megatempestades
Os dados referentes às emissões de rádio detectadas em diferentes altitudes atmosféricas apontam que o planeta passa por interrupções prolongadas na emissão de amônia. Por isso, os pesquisadores acreditam que existe uma conexão com as 'megatempestades'.
A distribuição de amônia não é igual nas diferentes altitudes da atmosfera de Saturno; os cientistas sugerem que, provavelmente, a amônia é transportada da atmosfera superior para a inferior por precipitação e reevaporação. Os dados também apontam que as tempestades ocorrem desde 1876, ou até antes.
De qualquer forma, é importante destacar que o estudo não conseguiu confirmar a origem das tempestades. Os pesquisadores acreditam que mais pesquisas sobre Saturno podem ajudar a entender processos semelhantes que ocorrem em outros planetas.
“Como as reações químicas e a dinâmica alteram a composição da atmosfera de um planeta, as observações abaixo dessas camadas de nuvens são necessárias para restringir a verdadeira composição atmosférica do planeta, um parâmetro chave para os modelos de formação de planetas. As observações de rádio ajudam a caracterizar processos dinâmicos, físicos e químicos, incluindo transporte de calor, formação de nuvens e convecção nas atmosferas de planetas gigantes em escalas global e local”, disse o professor da Universidade de Berkeley, Imke de Pater.
Gostou do conteúdo? Então, fique por dentro da últimas notícias de ciência aqui no TecMundo e saiba como o telescópio James Webb descobriu uma enorme erupção de gêiser em uma Lua de Saturno.
Categorias