Mito ou verdade: pessoas poderão visitar Marte ainda neste século?

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Imagem: Reprodução/GettyImages

No filme Perdido em Marte, Matt Damon vive Mark Watney, um astronauta esquecido pela sua equipe no Planeta Vermelho. Lá, ele precisa sobreviver sozinho aos perigos do planeta. É claro que a trama do filme de Ridley apenas imagina como seria o dia a dia em Marte, já que um ser humano nunca pisou lá, mas a produção fez muita gente se questionar: será que os seres humanos poderão pisar em terras marcianas ainda no século 21?

Esta é uma pergunta que já é feita desde o século passado, quando o astronauta Neil Armstrong pisou na Lua pela primeira vez, em 1969. Desde o feito, os profissionais da área passaram a se perguntar qual seria o próximo passo na exploração espacial. A resposta mais óbvia, é claro, seria visitar nosso planeta vizinho (localizado a 55 milhões de quilômetros de distância, aproximadamente).

De lá para cá, a vontade de conhecer mais do Planeta Vermelho vem motivando inúmeras iniciativas de agências espaciais em todo o mundo. O bilionário Elon Musk, por exemplo, é um dos grandes entusiastas do assunto. Por meio da sua empresa SpaceX, ele sonha com a criação de uma cidade de um milhão de pessoas em Marte até 2050.

marteViver em Marte seria, no mínimo, complicado (Foto: Getty Images)

Além dele, países como os Estados Unidos e China têm metas mais realistas. A Nasa pretende pisar pela primeira vez no planeta em 2034, enquanto a agência espacial chinesa espera enviar sua primeira missão tripulada um ano antes, em 2033. Os asiáticos, inclusive, já debatem a construção de uma base permanente em Marte.

Dito isso, também é importante entender: se já fomos para a Lua, o que nos impediu e ainda impede de ir para Marte?

Complicações

Até hoje, cinco rovers da Nasa já pousaram em Marte, incluindo Sojourner (1997), Spirit (2004), Opportunity (2004), Curiosity (2012) e Perseverance (2020). Outras sondas, como da China e da antiga União Soviética, também conseguiram pousar no planeta.

Para os humanos, porém, a tarefa é mais difícil, já que Marte pode apresentar inúmeros desafios para a tripulação de carne e osso. Entre as principais dificuldades estão:

  • Radiação solar: uma espaçonave leva, em média, 9 meses para chegar à Marte. Até lá, os astronautas seriam expostos a altos níveis de radiação nociva vinda do Sol, que pode desencadear câncer, demência e cegueira.
  • Atmosfera: a atmosfera de Marte é composta por 95,32% de gás carbônico, 2,7% de nitrogênio, 1,6% de argônio e apenas 0,13% de oxigênio – a pressão atmosférica na superfície é mais de 100 vezes menor que a da Terra. Por isso, os humanos não poderiam respirar o ar marciano livremente.
  • Temperaturas extremas: ainda que Marte seja o planeta do Sistema Solar mais parecido com a Terra por apresentar variações climáticas, ele ainda pode apresentar temperaturas extremas. Na estação mais fria as temperaturas chegam a -120?°C, enquanto no verão os termômetros chegam a 20?°C. Além disso, o planeta também conta com as famosas tempestades de areia, que podem chegar a 150 km por hora e durar por meses.

Bate-volta em Marte

A ida para Marte também implica em questão técnicas e burocráticas, como os custos da viagem e o avanço das tecnologias necessárias. No primeiro caso, por exemplo, o orçamento estimado de uma viagem tripulada ao planeta pode chegar a US$ 500 bilhões.

Considerando que atualmente a Nasa recebe um orçamento de "apenas" US$ 20 bilhões por ano do governo dos EUA, a viagem poderia ser realizada por empresas privadas que não dependem de dinheiro público, como a SpaceX, ou por outros países que também estão investindo na exploração espacial, como a China.

O orçamento estimado de uma viagem tripulada ao Planeta Vermelho pode chegar a US$ 500 bilhões

Ao falarmos sobre as tecnologias, os principais empecilhos são os quesitos de energia e combustível. Assim que os astronautas pousarem no planeta, precisarão de algumas semanas para estudar a região. E, para isso, será necessária energia suficiente para mantê-los lá, certo? É aí que mora um dos problemas.

A energia solar utilizada para dar um "gás" nos robôs em Marte, não poderia ser usada pelos humanos. Isso porque as tempestades de areia frequentes diminuem a entrada de raios solares no planeta e, consequentemente, os painéis solares não conseguiriam fornecer energia suficiente para garantir a sobrevivência do grupo.

marteA Nasa pretende pisar pela primeira vez em Marte no ano de 2034, enquanto a China deve enviar sua primeira missão tripulada um ano antes, em 2033 (Foto: Getty Images)

Outras preocupações técnicas são o combustível para a viagem de volta (seriam necessárias 33 toneladas, que não poderiam ser enviadas com a espaçonave devido ao peso) e a reentrada na Terra. Chegando com uma velocidade de 43 mil km/h, o foguete provavelmente pegaria fogo ao chegar na atmosfera terrestre.

Será possível colonizar Marte ainda no século 21?

Após avaliarmos as várias complicações da viagem, o caminho mais fácil é acreditar que não, não conseguiremos pisar em Marte ainda neste século. Com o avanço da tecnologia cada vez mais rápido, porém, é possível afirmar que temos, sim, chances de conhecer o Planeta Vermelho antes do esperado.

Alguns pesquisadores têm visões bastante otimistas sobre o assunto, como o caso de Serkan Saydam, vice-diretor do Centro Australiano de Pesquisa em Engenharia Espacial e professor da Universidade da Nova Gales do Sul. Para ele, a colonização humana de Marte será possível dentro de algumas décadas.

Saydam explica que o primeiro passo seria conseguir água do próprio planeta, que poderia ser extraída do gelo ou de minerais hidratados. A partir disso, os astronautas poderiam começar a cultivar alimentos. Para conseguir energia, ele sugere uso do hidrogênio do gelo e de minerais do próprio solo marciano.

Por outro lado, alguns estudiosos são mais pessimistas, alegando que a colonização de Marte ainda é improvável no futuro previsível.

De qualquer forma, ainda não temos uma resposta concreta para o questionamento sobre a ida de seres humanos para Marte. Só nos resta acompanhar as atualizações das agências governamentais e das empresas privadas para ter uma ideia de quando será o próximo grande salto da humanidade.

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