Um estudo conduzido por cientistas através do telescópio LOFAR (Low Frequency Array), centralizado na Holanda, observou ondas de rádio de baixa frequência das constelações de satélite Starlink espalhadas pelos céus. Os autores concluíram que esses dispositivos estão vazando “radiação eletromagnética não intencional” que prejudicam a astronomia.
O LOFAR voltou suas antenas para 58 satélites Starlink enquanto eles passavam pelo observatório. De acordo com a equipe, 47 deles estavam emitindo luz de rádio na faixa de 110 a 188 megahertz. Esse espectro inclui frequências — entre 150 e 153 MHz — protegidas pela União Internacional de Telecomunicação (ITU) e reservadas exclusivamente para radioastronomia.
Falando ao site ZME Science, o primeiro autor do artigo Federico Di Vruno, gerente de espectro do consórcio de telescópios SKA, compara a interferência dos satélites a uma pessoa que, depois de alguns momentos em um quarto escuro, tivesse a luz de uma lanterna direcionada diretamente em seus olhos.
Surto de satélites na órbita baixa da Terra
Os satélites na órbita baixa da Terra podem chegar a 100 mil em dez anos.Fonte: Getty Images
O vazamento de radiofrequência é um problema que já é enfrentado há algum tempo pelos radioastrônomos cujo trabalho depende de escutar sinais muito fracos do Universo. Dessa forma, a maioria dos radiotelescópios é construída em locais com proteções especiais contra a interferência terrestre.
Mas a implementação de grandes constelações de satélites habilitadas para fornecimento de internet de banda larga, como Starlink, OneWeb e Kuiper, tem introduzido uma realidade totalmente nova.
Embora a população atual de cerca de 8 mil satélites em órbita seja intensa quando comparada à de dez anos atrás, ela é apenas uma sombra face a estimativas de até 100 mil desses objetos orbitais nos próximos dez anos.
O que pode ser feito pelas operadoras de satélite para a astronomia?
Os autores trabalham em mitigações técnicas em parceria com as operadoras de satélites.Fonte: Getty Images
Embora o estudo tenha chegado a um nível máximo de radiação que cada constelação de satélites deveria ter para cumprir os limites regulatórios para emissões pretendidas em determinada banda, esses limites não se aplicam se essas emissões forem não intencionais. Isso significa que a legislação só se aplica se as interferências forem causadas por "sinais irradiados intencionalmente para radiocomunicação ou outros fins", diz o estudo.
Com isso, os autores têm trabalhado em parceria com a SpaceX, dona da Starlink, para mitigar os efeitos prejudiciais dos satélites na astronomia. A próxima geração de dispositivos já será lançada com mudanças que reduzem o impacto dessas emissões prejudiciais à astronomia.
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