Em uma pesquisa publicada recentemente na revista Nature, astrônomos do campus de Bentley da Universidade de Curtin, na Austrália, relataram observações de um transiente de rádio de longo período. O evento astrofísico, também conhecido como rajadas de rádio rápidas (RRR), se repete a cada 22 minutos e foi batizado de GPM J1839-10.
Esses pulsos de rádio foram interpretados pela equipe como procedentes de magnetares, "estrelas de nêutrons em rotação com campos magnéticos extremamente fortes", segundo o estudo. As observações levaram os autores a uma busca em registros de rádio, que revelou a repetição desse padrão desde, pelo menos, o ano de 1988.
“Esse objeto notável desafia nossa compreensão de estrelas de nêutrons e magnetares”, explicou em um release a primeira autora do artigo, Natasha Hurley-Walker, astrônoma do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia (ICRAR) da Curtin.
Um novo tipo de objeto estelar no espaço?
O que chamou a atenção de Hurley-Walker foi o fato de o objeto recém-descoberto, a 15 mil anos-luz de distância da Terra na constelação de Scutum, estar emitindo ondas de rádio a cada 22 minutos. De acordo com o estudo, até a data da descoberta, todos os magnetares conhecidos liberavam energia entre alguns segundos a poucos minutos.
Antes desse objeto, o estudante de graduação Tyrone O'Doherty, também da Curtin, também havia detectado um fenômeno, descrito na Nature em janeiro de 2022, como "enigmático objeto transitório que aparecia e desaparecia intermitentemente, emitindo poderosos feixes de energia três vezes por hora".
Perplexos, diz a autora do novo estudo, os pesquisadores passaram a vasculhar os céus em busca de objetos similares "para descobrir se era um evento isolado ou apenas a ponta do iceberg”. Usando o Murchison Widefield Array (MWA), na Austrália Ocidental, eles escanearam o espaço, até se deparar com o GPM J1839-10.
Luzes no espaço podem revolucionar o estudo dos magnetares
O MWA tem 256 antenas para detectar ondas de rádio vindas do espaço.Fonte: ICRAR
De posse das coordenadas e configurações celestes do GPM J1839-10, os autores conferiram os arquivos observacionais de alguns dos principais radiotelescópios do mundo, em busca do sinal.
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Logo, "ele apareceu em observações do Giant Metrewave Radio Telescope (GMRT) na Índia, e o Very Large Array (VLA) nos EUA teve observações que datam de 1988”, disse Hurley-Walker.
O novo estudo levanta algumas questões importantes sobre a formação e evolução dos magnetares. Ao dar novas pistas sobre a origem desses eventos, pode provocar importantes insights, tanto para uma melhor compreensão da física das estrelas de nêutrons, como também sobre o comportamento de campos magnéticos em condições extremas.
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