Três cientistas da Coreia do Sul anunciaram recentemente o que pode ser considerado o "santo graal" da física moderna: o primeiro supercondutor que funciona à temperatura ambiente e na pressão atmosférica normal.
Se esse estudo — atualmente hospedado no repositório on-line de artigos acadêmicos arXiv — for aprovado por pares, isso representaria uma descoberta revolucionária para qualquer tecnologia que use energia elétrica atualmente. Ou seja, praticamente todos os equipamentos do mundo, desde celulares até trens de levitação magnética e usinas de energia e fusão.
A ideia do supercondutor parte do princípio que, ao passar pelos cabos, a eletricidade encontra resistência e perde parte da energia sob forma de calor. Há mais de um século, cientistas testam materiais supercondutores, mas eles só perdem sua resistência sob temperaturas extremamente frias. Por isso, esse anúncio é tão impactante.
Como os pesquisadores atingiram a supercondutividade à temperatura ambiente?
No efeito Meissner, o supercondutor deve levitar sobre o campo magnético.Fonte: Getty Images
Para chegar à composição final do material cinza escuro do novo supercondutor, os pesquisadores aqueceram em alta temperatura, e por várias horas, compostos em pós de diversos materiais como chumbo, oxigênio, enxofre e fósforo.
Assim que o material foi sintetizado, eles fizeram sucessiva medições para aferir até quanto uma amostra milimétrica de LK-99 poderia resistir à eletricidade. Testando diferentes temperaturas, a equipe finalmente descobriu que a resistividade teve uma queda extrema, de um valor positivo considerável (105ºC) para quase zero a 30ºC.
Aplausos e desconfianças na comunidade científica
Today might have seen the biggest physics discovery of my lifetime. I don't think people fully grasp the implications of an ambient temperature / pressure superconductor. Here's how it could totally change our lives.
— Alex Kaplan (@alexkaplan0) July 26, 2023
Para comprovar a autenticidade do LK-99, eles submeteram o material a um campo magnético, pois um fenômeno — conhecido como efeito Meissner — faz com que essa força seja expulsa do supercondutor, criando uma região livre de campos magnéticos. Em outras palavras, o material flutua. Esse efeito foi obtido parcialmente pelos cientistas, após colocarem um pedaço de LK-99 sobre um imã, como mostrado na primeira imagem desta matéria.
A demonstração animou muitas pessoas, que passaram a saudar a descoberta como um avanço geracional. No entanto, grande parte da comunidade científica tem se mostrado cética sobre os dados produzidos. Muitos alegam que a suposta supercondutividade à temperatura ambiente já foi contestada e desmascaradas em trabalhos anteriores.
Um dos autores do artigo, Hyun-Tak Kim, trabalhando atualmente no College of William & Mary, nos EUA, continua confiante no trabalho da equipe, mesmo face à onda de ceticismo. Falando ao New Scient, ele pede que outros pesquisadores tentem replicar o trabalho em seus próprios laboratórios para resolver o impasse. Enquanto isso ele e seus colegas trabalham no aperfeiçoamento das amostras do LK-99.
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