Em um estudo publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, um pesquisador afirma que descobriu uma forma de mapear e estudar os braços espirais da Via Láctea. Ele sugere que é possível realizar o mapeamento da região por meio de um processo conhecido como cartografia química, influenciado por método criado pouco após a invenção do cálculo matemático.
Segundo o autor do estudo, Keith Hawkins, e professor assistente da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, é possível realizar a mapeação química ao calcular a presença de estrelas jovens em uma área específica do espaço. O cientista explica o método pode prever a existência dos braços espirais da nossa galáxia.
O que é são os braços espirais?
A nossa galáxia tem formato elíptico e possui quatro braços espirais principais, além de outros menores. Os braços são formados por poeira cósmica, gases e bilhões de estrelas jovens.
O mapeamento químico faz a detecção por meio da 'razão de metais para hidrogênio' presente na superfície de uma estrela; as estrelas mais jovens apresentam maiores níveis de metais. Normalmente, a cartografia química é utilizada em regiões onde os cientistas não conseguem observar a iluminação das estrelas.
As áreas vermelhas da imagem apresentam níveis alto de metalicidade nos braços espirais da Via Láctea, já os pontos azuis são áreas que apresentam baixos níveis.Fonte: K. Hawkins (UT Austin)/NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (SSC/Caltech)
“Assim como os primeiros exploradores, que criaram mapas cada vez melhores do nosso mundo, agora estamos criando mapas cada vez melhores da Via Láctea. Uma grande conclusão é que os braços espirais são realmente mais ricos em metais. Isso ilustra o valor da cartografia química na identificação da estrutura e formação da Via Láctea. Tem o potencial de transformar totalmente nossa visão da Galáxia”, disse Hawkins.
Mapeação química e braços espirais
O pesquisador utilizou o processo de mapeação química a partir de dados do Telescópio chinês LAMOST e do satélite Gaia. Foi observada uma região específica ao redor do Sol que possui aproximadamente 32 mil anos-luz de largura.
Hawkins confirmou que se tratava dos braços espirais da nossa Galáxia após comparar o mapa com outros mapas da mesma área da Via Láctea. Segundo o estudo, teoricamente, os objetos cósmicos ricos em metal costumam se alinhar com os braços espirais, enquanto aqueles com quantidades reduzidas de metal preenchem os espaços entre os braços.
Por vivermos dentro da Via Láctea, pode ser mais complicado visualizar os braços espirais, por isso, o mapeamento químico pode ser a resposta para esse problema. Para Hawkins, os próximos telescópios poderão oferecer dados de melhor qualidade para mapear a galáxia e disponibilizar mais informações sobe os braços espirais.
"Quando ele comparou seu próprio mapa com outros da mesma área da Via Láctea, os braços espirais se alinharam. Além disso, como o mapa de Hawkins identifica os braços espirais com base na metalicidade, e não na luz emitida por estrelas jovens, surgiram novas regiões que antes não eram mapeadas”, é descrito em um comunicado oficial sobre o estudo.
Mantenha-se atualizado sobre as últimos estudos astronômicos aqui no TecMundo. Se desejar, aproveite para ver também a foto de 10 terabytes da Via Láctea.
Categorias