Uma nova pesquisa revolucionária conduzida por cientistas da Universidade de Curtin, em Perth na Austrália, estabeleceu uma nova estrutura para datar a dinâmica da evolução da Terra. Usando composições de isótopos de chumbo, eles promoveram uma reavaliação dos dados globais, que inclui as formações de continentes e de depósitos minerais.
A principal questão da pesquisa era determinar quando os continentes, da forma como os conhecemos hoje, começaram a se formar. De acordo com o principal pesquisador, Dr. Luc Doucet, do Grupo de Pesquisa em Dinâmica da Terra em Curtin, o ponto de partida para respondê-la foi compreender a evolução do manto da Terra, desde a formação da Lua, após um asteroide colidir com nosso planeta há 4,5 bilhões de anos.
Esse mergulho no passado primitivo foi feito usando "composições de isótopos de chumbo de amostras de rochas ao longo do espaço e do tempo, incluindo meteoritos primitivos que foram formados ao mesmo tempo que o sistema solar e vários componentes das camadas da Terra, para reconstruir a evolução do seu manto”, explicou o coautor Dr. Denis Fougerouse em um comunicado.
O nascimento das placas tectônicas
Diferentes configurações tectônicas para a formação dos depósitos de chumbo.Fonte: Doucet et al.
Aproveitando a abundância de depósitos de chumbo-zinco na Austrália (estimada em 52 bilhões de toneladas) e também sua diversidade — que varia de 285 milhões a 3,4 bilhões de anos — a equipe chegou a uma descoberta impressionante. Conforme o Dr. Hugo Olierook, outro coautor, esses depósitos minerais começaram a exibir diferenças expressivas em relação ao manto terrestre há cerca de 3,2 bilhões de anos.
Isso quer dizer que esse período é "o ponto em que as placas tectônicas começaram a ser o motor dominante da formação de continentes na Terra. A Terra é o único planeta em nosso sistema solar que possui placas tectônicas e, talvez não por coincidência, o único planeta capaz de hospedar vida", destaca Olierook.
Implicações da pesquisa para a formação dos continentes
A pesquisa forneceu informações para calibrar os atuais métodos de datação radiométrica.Fonte: Getty Images
Além de lançar novas luzes sobre a compreensão da histórica geológica da Terra, o que em si já é importante, a pesquisa publicada na edição mais recente da revista Earth-Science Reviews tem também aplicações práticas.
Os próprios sistemas de isótopos de chumbo-urânio receberam novas curvas estabelecidas pela equipe da Curtin, permitindo uma recalibração das idades radiométricas utilizadas para datar eventos futuros relacionados à mineralização da Terra, o que, em última análise, significa uma nova forma de compreender a formação dos continentes no planeta.
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