Um artigo publicado nesta semana no site The Conversation alertou para um assunto que até agora fazia parte de filmes de ficção científica: o sexo espacial e suas possíveis consequências para as empresas que operam viagens turísticas além da linha de Kármán. Esse ponto é a fronteira imaginária entre a Terra e o espaço sideral.
Coautor de um “green paper” (consulta pública de avaliação) sobre o assunto, o professor David Cullen, da Universidade de Cranfield, no Reino Unido, afirmou que a pesquisa concluiu que as empresas de turismo espacial ainda não estão preparadas, por exemplo, para as consequências “de concepção humana descontrolada no espaço”.
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Com o crescimento do turismo espacial nos próximos dez anos, com ocorrência de voos que poderão durar de dias a semanas, dizem os autores, as motivações dos participantes certamente serão diferentes daqueles dos astronautas profissionais. Ou seja, mesmo expostas à microgravidade e aos altos níveis de radiação ionizante, as pessoas não deixarão de fazer sexo.
Que "problemas sexuais" são previstos pelos cientistas?
Passageiras grávidas são proibidas de embarcas em viagens espaciais.Fonte: Getty Images
"A verdadeira preocupação não são as interações sexuais em si”, explica Cullen, mas sim uma possível gravidez no espaço. Como os primeiros voos de turismo espacial são projetados para durar de dias a semanas, é possível que apenas os estágios iniciais da concepção ocorram fora da Terra.
Mesmo passageiras grávidas — que são proibidas de embarcar — poderiam fazê-lo se não estiverem cientes de sua condição.
Dessa forma, ainda são desconhecidos os riscos de anormalidade no desenvolvimento em embriões humanos concebidos no espaço. Há também um perigo aumentado de gravidez ectópica, quando o embrião se ligaria fora do útero em virtude da ausência de gravidade. Além disso, não há estudos sobre a eficácia de contraceptivas nesse ambiente.
Outros riscos para a indústria do turismo espacial
Há um risco da ocorrência de agressão sexual durante o turismo espacial.Fonte: Getty Images
De acordo com o artigo, o desconhecimento ou a omissão deliberada por parte do setor de turismo espacial sobre consequências da prática de sexo em viagens turísticas ao espaço sideral expõe as empresas a riscos comerciais. Essas questões podem envolver litígios, danos à reputação e até perdas financeiras se passageiras engravidarem durante os voos.
Existe ainda o risco onipresente de agressão sexual que, no caso de viagens espaciais, pode assumir proporções catastróficas para uma vítima, seja passageiro ou membro da tripulação.
Para os autores, devido à multiplicidade dos atores e stakeholders envolvidos nesta questão, é certo que muitas vozes relevantes não estão sendo ouvidas nas discussões, mas poderão ter impacto nas consequências.
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