De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature Astronomy, na última quinta-feira (6), uma equipe de astrônomos encontrou um exoplaneta que possui o dobro da massa de Júpiter escondido em um ponto distante do universo — Júpiter é considerado o maior planeta do Sistema Solar, em massa e diâmetro. O exoplaneta, nomeado de MWC 758c, pode ser responsável pela formação de braços espirais ao redor de uma estrela.
De acordo com os cientistas, o exoplaneta não foi encontrado no passado porque emite sinais quase invisíveis aos telescópios, orbitando uma estrela localizada a aproximadamente 500 anos-luz de distância da Terra — mesmo sendo o dobro de Júpiter. Inclusive, a estrela é muito jovem em comparação ao nosso Sol.
Conforme a explicação do principal autor do estudo e pesquisador do Observatório Steward na Universidade do Arizona (Estados Unidos), Kevin Wagner, o estudo oferece evidências de que os braços espirais são causados por planetas gigantes; neste caso, é provocado pelo exoplaneta MWC 758c. Para o cientista, os braços espirais podem auxiliar a entender o processo de formação do planeta causador do evento.
A imagem apresenta o sistema planetário de MWC 758c e braços espirais em seu centro; os astrônomos afirmam que o Telescópio Espacial James Webb pode ajudar a explicar a origem do exoplaneta (c).Fonte: K. Wagner et al/EurekAlert
“Nossa observação deste novo planeta apoia ainda mais a ideia de que planetas gigantes se formam no início, acumulando massa de seu ambiente de nascimento e, em seguida, alteram gravitacionalmente o ambiente subsequente para a formação de outros planetas menores. Nosso estudo apresenta uma evidência sólida de que esses braços espirais são causados por planetas gigantes. E com o novo Telescópio Espacial James Webb, seremos capazes de testar e apoiar essa ideia procurando por mais planetas como o MWC 758c”, disse Wagner em um comunicado oficial.
Exoplaneta e braços espirais
O exoplaneta foi detectado por meio do telescópio terrestre Large Binocular Telescope Interferometer (LBTI), construído pela Universidade do Arizona. O LBTI é capaz de observar comprimentos de ondas longas do infravermelho médio, uma capacidade semelhante aos instrumentos do Telescópio Espacial James Webb.
Wagner afirma que futuras observações realizadas pelo Telescópio Espacial James Webb poderão ajudar na descoberta de outros planetas semelhantes ao MWC 758c. “Dependendo dos resultados das observações do JWST, podemos começar a aplicar esse conhecimento recém-descoberto a outros sistemas estelares e isso nos permitirá fazer previsões sobre onde outros planetas ocultos podem estar à espreita e nos dará uma ideia de quais propriedades devemos procurar para detectá-las", diz Wagner.
Segundo os cientistas, os comprimentos de ondas vermelhas emitidas pelo exoplaneta são praticamente invisíveis, pois eles são comprimentos mais longos e isso significa que são mais difíceis de serem detectados. Como o LBTI é um dos telescópios infravermelhos mais potentes do mundo, ele também deve ajudar a detectar outros exoplanetas semelhantes.
O co-autor do estudo e principal cientista de instrumentos do LBTI, Steve Ertel, afirma que esse o planeta brilhante 'mais vermelho' já detectado. Por isso, ele propõe que dois modelos diferentes para explicar os comprimentos de onda mais longos de MWC 758c: o primeiro afirma que isso acontece porque o planeta conta com uma temperatura mais fria do que é esperado; a segunda diz que o planeta permanece quente desde sua formação e está repleto de poeira cósmica ao seu redor.
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