De acordo com dois novos estudos publicados nas revistas científicas Nature Astronomy e Astronomy & Astrophysics, um pulsar de anã branca, considerada uma das estrelas mais raras no universo, foi descoberto em nossa Via Láctea. Nomeada de J1912-4410, a estrela é o segundo pulsar de anã branca encontrada no universo, localizada a apenas 773 anos-luz de distância do planeta Terra.
Até o momento, os cientistas haviam descoberto apenas um pulsar de anã branca, indicando que ela poderia ser única em nosso universo. Com a nova descoberta, confirmada por meio da detecção do campo magnético do objeto estelar, os astrônomos poderão catalogá-las com uma nova classe de estrelas.
O que é um pulsar?
Um pulsar é uma estrela de nêutrons que gira rapidamente e, por meio do seu campo magnético intenso, transforma sua taxa de rotação em energia eletromagnética.
O estudo pode ajudar a confirmar que o campo magnético de uma anã branca acontece por meio de um dínamo interno na estrela, um processo semelhante ao que acontece no núcleo líquido da Terra e responsável por gerar o campo magnético do planeta. Os dois estudos que estudaram classificaram a descoberta como um pulsar de anã branca, por meio de dados coletados com diferentes equipamentos de observatórios espaciais.
"A origem dos campos magnéticos é uma grande questão em aberto em muitos campos da astronomia, e isso é particularmente verdadeiro para estrelas anãs brancas. Os campos magnéticos nas anãs brancas podem ser mais de um milhão de vezes mais fortes que o campo magnético do Sol, e o modelo do dínamo ajuda a explicar o porquê. A descoberta de J1912-4410 forneceu um passo crítico nesse campo”, disse a astrofísica da Universidade de Warwick (Reino Unido), Ingrid Pelisoli.
Uma das estrelas mais raras
O primeiro pulsar de anã branca encontrado no universo foi a estrela AR Scorpii, descrita em um estudo publicado em 2016. Na época, eles perceberam que a AR Scorpii é bastante diferente de um pulsar tradicional, pois também é uma anã branca em um sistema binário de uma anã vermelha, com uma taxa de rotação muito mais rápida do que já detectado anteriormente em anãs brancas.
Como foi uma nova descoberta, a AR Scorpii desafiou a compreensão dos astrônomos sobre as anãs brancas. Uma das possíveis explicações para a alta taxa de rotação de um pulsar de anã branca é que, talvez, elas se desenvolveram inicialmente sem um campo magnético, permitindo que a rotação aumentasse ao 'roubar' a energia da anã vermelha que ela orbita.
A imagem ilustra a AR Scorpii roubando energia da anã vermelha; os astrônomos detectaram o novo pulsar de anã branca por meio de sinais de rádio e raios-x que foram lançados para fora da estrela.Fonte: M. Garlick/University of Warwick/ESO
De qualquer forma, os cientistas explicam que ainda não compreenderam exatamente o que acontece dentro de um pulsar de anã branca. Eles teorizam que eles são objetos estelares com massa extremamente densa e que, possivelmente, possuem um dínamo liquido responsável por gerar o campo magnético.
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