Recentemente, uma equipe de cientistas da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) utilizou o Telescópio Espacial James Webb (JWST) para medir a quantidade de calor e a atmosfera do exoplaneta TRAPPIST-1c.
No estudo publicado na revista científica Nature, os pesquisadores explicam que, provavelmente, o exoplaneta tem uma camada extremamente fina de atmosfera e superfície com altas temperaturas.
O exoplaneta está orbitando uma estrela anã vermelha localizada a cerca de 40 anos-luz de distância da Terra e é bloqueado por maré; isso significa que um dos lados de TRAPPIST-1c está sempre virado para um lado da estrela — no lado mais quente, foi registrada uma temperatura de aproximadamente 107 ºC.
Utilizando o Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) do telescópio, os cientistas mediram a quantidade de luz infravermelha emitida pelo planeta e, a partir disso, conseguiram medir a temperatura da superfície. Ao realizar medições do brilho da estrela, eles detectaram que a luz infravermelha do lado diurno de TRAPPIST-1c totalizava 15 mícrons, sugerindo que o planeta tem uma superfície rochosa e uma camada muito fina de atmosfera com dióxido de carbono (CO2).
Os cientistas explicam que TRAPPIST-1 c (ilustração) é um "gêmeo" de Vênus, pois tem aproximadamente o mesmo tamanho e quantidade de radiação semelhante.Fonte: NASA
"TRAPPIST-1 c é interessante porque é basicamente um gêmeo de Vênus: tem aproximadamente o mesmo tamanho de Vênus e recebe uma quantidade semelhante de radiação de sua estrela hospedeira à que Vênus recebe do Sol. Pensamos que poderia ter uma espessa atmosfera de dióxido de carbono como Vênus”, disse a cientista do Instituto Max Planck de Astronomia (Alemanha) e co-autora do artigo, Laura Kreidberg.
Exoplaneta alienígena sem atmosfera
Apesar de a semelhança com Vênus, os dados sugerem que o exoplaneta não possui uma atmosfera espessa de CO2 e nem nuvens de ácido sulfúrico, como acontece no segundo planeta do Sistema Solar. Já uma ausência ou uma camada fina de atmosfera indica que o planeta pode ter se formado com pouca quantidade de água.
Além de a própria descoberta, os cientistas afirmam que os dados obtidos pelo JWST também são muito importantes para o futuro da pesquisa espacial envolvendo exoplanetas semelhantes aos planetas do nosso sistema solar. Os pesquisadores consideram o estudo um passo essencial para determinar se exoplanetas semelhantes, que orbitam estrelas anãs vermelhas, podem ou não sustentar atmosfera e a vida como nós conhecemos.
“Queremos saber se os planetas rochosos têm atmosferas ou não. No passado, só podíamos realmente estudar planetas com atmosferas densas e ricas em hidrogênio. Com o Webb, podemos finalmente começar a procurar atmosferas dominadas por oxigênio, nitrogênio e dióxido de carbono”, disse o aluno de pós-graduação do Instituto Max Planck de Astronomia e coautor do estudo, Sebastian Zieba.
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