No início desta semana, o mundo todo voltou os olhos para o caso de um submarino que sumiu no Oceano Atlântico enquanto levava pessoas para verem os destroços do Titanic. Desaparecido desde o domingo (18), a missão de resgate é considerada urgente porque a embarcação tem apenas 96 horas de reserva de oxigênio.
Chamado de Titan, o veículo subaquático é operado pela empresa OceanGate Expeditions, que confirmou que cinco pessoas estão dentro do submarino. Os turistas que toparam a aventura pagaram US$ 250 mil (cerca de R$ 1,1 milhão na cotação atual) pela viagem, sendo que dentre os tripulantes está o bilionário britânico Hamish Harding.
Harding é fundador e presidente da Action Aviation, companhia internacional de corretagem de aeronaves com sede em Dubai. Não se sabe exatamente a riqueza do homem, mas seus negócios são avaliados em mais de US$ 1 bilhão (R$ 4,7 bilhões).
A parte interna do Titan da OceanGate (Imagem: CBS News/Reprodução)
Junto ao ricaço, estão no submarino, Paul-Henry Nargeolet (ex-comandante da Marinha Francesa), Shahzada Dawood e seu filho Sulaiman Dawood (grandes empresários paquistaneses). A identidade da quinta pessoa ainda não foi confirmada.
O Titan desapareceu a cerca de 435 milhas (aproximadamente 700 km) da costa do Canadá e perdeu o contato após uma atividade para ver os destroços do Titanic que deveria levar no máximo oito horas. O famoso navio que virou um dos filmes de maior sucesso do mundo está afundado a 3,8 mil km de profundidade.
Conheça o submarino Titan
O submarino Titan da OceanGate Expeditions é feito de fibra de carbono de 12 centímetros de espessura e é coberto por titânio nas extremidades. Quem apresentou cada detalhe foi o jornalista David Pogue, da CBS. Em matéria do ano passado, ele contou como foi fazer uma viagem de 12 horas debaixo da água dentro da embarcação.
O relato de Pogue mostra que há um risco bastante grande em utilizar o veículo porque ele não tem cápsula de escape, por exemplo. Não há abertura pelo lado de dentro e a única forma de sair é mesmo voltando para a superfície.
O submarino Titan, da OceanGate, tem partes que parecem remendos (Imagem: CBS News/Reprodução)
Durante a entrevista com Stockton Rush, CEO da OceanGate Expeditions e possivelmente o quinto desaparecido, ele revelou um pouco de como funciona o veículo. Alguns detalhes chamam a atenção, já que aparentam que a tecnologia é completamente precária.
Confira, a seguir, alguns detalhes sobre o Titan:
- Antes de embarcar, a pessoa precisa assinar um documento que está escrito que “esta embarcação experimental não foi aprovada ou certificada por nenhum órgão regulador e pode resultar em lesões físicas, traumas emocionais ou morte";
- O submarino tem um espaço parecido com uma minivan;
- A pilotagem do submarino é feita com um controle modificado modelo Logitech G F710 Wireless (apesar de curioso, é comum que veículos militares como tanques utilizem controles de videogame. A Marinha dos EUA utiliza joysticks do Xbox em alguns de seus submarinos);
- Ele é o único submarino tripulável com um banheiro dentro, que, na verdade é uma espécie de penico;
- As peças são improvisadas, incluindo canos de construções abandonadas, e ele possui indicações e instruções escritas à mão em um pedaço de adesivo;
- Vários dos componentes não foram feitos especificamente para o submarino e são off-the-shelf, ou seja, são vendidas lojas comerciais comuns;
- Ele tem câmeras cujas imagens internas e externas são mostradas em um monitor. São através destas câmeras e pelo monitor que os tripulantes enxergam os escombros do Titanic;
- Não há GPS debaixo d'água e por causa disso o submarino é guiado por um navio que fica na superfície por meio de mensagens de texto;
- No site oficial da OceanGate ainda é explicado que o submarino tem tecnologia embarcada como câmeras Sub C Imaging 4k Rayfin, sonar Teledyne 2D e 40.000 lumens de luz externa.
Na matéria da CBS, Rush foi questionado sobre o esquema meio “MacGyver” do submarino. Ele discordou e disse que nem tudo é feito de peças encontradas em mercados comuns.
“Há certas coisas que você quer que sejam certinhas. O vaso de pressão não é MacGyver, porque é onde trabalhamos com a Boeing, a NASA e a Universidade de Washington. Todo o resto pode falhar, seus propulsores podem ir embora e as luzes podem apagar. [Mas] você ainda estará seguro”, argumentou no ano passado.
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