No universo da franquia Star Wars, o planeta natal do jedi Luke Skywalker, Tatooine, tem dois sóis, contudo, parece que isso não acontece apenas na ficção. Uma equipe de cientistas da Inglaterra utilizou dados de telescópios espaciais para detectar o exoplaneta, nomeado de Binaries Escolted By Orbiting Planets 1c (BEBOP-1c), localizado em um sistema binário com dóis sóis.
Os pesquisadores utilizaram dados dos observatórios European Southern Observatory (ESO) e Very Large Telescope (VLT) na tentativa de detectar a massa do exoplaneta circumbinário TOI-1338b, contudo, eles acabaram descobrindo um segundo planeta na região. O novo exoplaneta encontrado está localizado a cerca de 1.320 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Pictor.
De acordo com detalhes do estudo publicado na revista científica Nature Astronomy, o BEBOP-1c é um gigante gasoso que leva até 215 dias para completar uma viagem ao redor dos sóis. Os cientistas afirmam que ele tem a massa 65 vezes maior do que a da Terra e cerca de 5 vezes menor que a de Júpiter.
“Com apenas 15 desses planetas circumbinários conhecidos dos mais de 5.200 exoplanetas totais descobertos até agora, é emocionante fazer parte desse ramo emergente da ciência dos exoplanetas. Nossos resultados preliminares mostram que planetas circumbinários parecem existir tão frequentemente quanto planetas em torno de estrelas individuais como o nosso sol”, disse o principal autor do estudo e astrofísico da Open University, Matthew Standing, ao site Space.
A imagem apresenta o exoplaneta TOI-1338b, que está no mesmo sistema do BEBOP-1c.Fonte: Reprodução/NASA/Space
Os sóis estão a uma distância de 79% de uma unidade astronômica (UA) do exoplaneta — a unidade astronômica é a distância media entre a Terra e o Sol.
Tatooine ou apenas um exoplaneta?
Segundo os cientistas, o BEBOP-1c foi o primeiro exoplaneta circumbinário detectado utilizando somente a técnica de velocidade radial, capaz de detectar a força gravitacional dos planetas. Apesar de a descoberta ter acontecido durante a pandemia causada pelo covid-19, os observatórios foram fechados e a pesquisa acabou atrasando por um ano.
De qualquer forma, os pesquisadores destacaram que utilizar a técnica de velocidade radial para detectar planetas circumbinários não é tão simples, pois as luzes dos sóis podem atrapalhar na coleta de dados. No caso do BEBOP-1c, a estrela secundário é muito menor e mais fraca, portanto, os sinais não interferem.
Segundo o coautor do estudo e astrofísico da Universidade de Birmingham, Amaury Triaud, a equipe já está coletando dados de telescópios na França e no Chile para buscar por mais planetas circumbinários. O objetivo é encontrar dados para entender com que frequência esses sistemas binários acontecem, se eles costumam ser iguais ou mais massivos que planetas com estrelas individuais, entre outros dados.
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