Em um estudo publicado na revista científica Physical Review Letters, cientistas do Imperial College London, na Inglaterra, descrevem como conseguiram criar um 'disco de buraco negro' em laboratório. A descoberta pode ajudar os cientistas a entender mais sobre como os buracos negros se expandem ao consumir toda a matéria que os cerca.
Para realizar o experimento os pesquisadores criaram um disco giratório de plasma com o equipamento Mega Ampere Generator for Plasma Implosion Experiments (MAGPIE), criando um anel de gás superaquecido. O intuito da equipe foi desenvolver um simulador da estrutura que gira em torno dos buracos negros, nomeada de discos de acreção. Essa estrutura é responsável por sugar gradualmente a matéria que alimenta a região do espaço-tempo – o campo gravitacional de um buraco negro é tão intenso que nada consegue escapar.
Conforme o estudo explica, em um buraco negro comum, esse anel é criado quando a matéria começa a ser atraída pelo campo gravitacional, fornecendo as condições necessárias para aquecer os gases. Assim, o gás transforma-se em plasma e cria um disco de acresção; o disco se mantém estável por meio do impulso da força gerada pelo buraco negro.
"Entender como os discos de acreção se comportam não apenas nos ajudará a revelar como os buracos negros crescem, mas também como as nuvens de gás colapsam para formar estrelas e, até mesmo, como podemos criar nossas próprias estrelas ao entender a estabilidade dos plasmas em experimentos de fusão", disse o pesquisador de pós-doutorado da Universidade de Princeton e um dos autores do estudo, Vicente Valenzuela Villaseca.
Ilustração do modelo (esquerda) criado pelos cientistas e captura do resultado do experimento (direita); um disco de plasma ao redor de um buraco negro foi observado pela primeira vez por meio do telescópio Event Horizon Telescope (EHT).Fonte: Physical Review Letters
Descobertas da observação acerca do 'disco d buraco negro'e
Com a simulação, os cientistas descobriram que o plasma estava se movendo mais rápido nas partes internas da coluna de disco. Eles acreditam que isso é uma característica importante dos discos de acreção.
De qualquer forma, é importante destacar que o modelo é apenas uma prova de conceito, pois os pesquisadores não conseguem efetivamente recriar um disco de acreção de um buraco negro. Contudo, eles explicam que as observações podem oferecer mais explicações sobre esse tipo de estrutura espacial.
“Estamos apenas começando a poder observar esses discos de acreção de maneiras totalmente novas, que incluem nossos experimentos e instantâneos de buracos negros com o Event Horizon Telescope. Isso nos permitirá testar nossas teorias e ver se elas correspondem às observações astronômicas”, Villaseca completa.
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