O bicho-preguiça é considerado um dos animais mais fofos da natureza, contudo, ele poder ser muito mais que fofo — talvez, ele seja o próximo grande super-herói da humanidade.
Em um estudo publicado na revista científica Environmental Microbiology, pesquisadores da Universidade da Costa Rica descobriram que os bichos-preguiça podem ser a solução no desenvolvimento de antibióticos para combater bactérias resistentes a medicamentos.
Os cientistas coletaram amostras de comunidades bacterianas e outros organismos vivos em pelos dos animais. Os pelos foram coletados entre os dedos de preguiças das espécies Choloepus Hoffmanni e Bradypus variegatus, que vivem no santuário The Sloth Sanctuary, na Costa Rica — elas possuem dois e três dedos, respectivamente.
Analisando as amostras, os cientistas descobriam que uma grande variedade de organismos que vivem nos pelos das preguiças tem o potencial para controlar infecções bacterianas graves. As amostras foram coletadas de apenas duas das seis espécies que vivem nos trópicos da América Central e do Sul.
Os bichos-preguiça são animais que se locomovem a apenas 1,5 metro por hora.Fonte: Getty Images
"Os gêneros mais abundantes [de bactérias] foram Brevibacterium, Kocuria/Rothia, Staphylococcus, Rubrobacter, Nesterenkonia e Janibacter. Além disso, isolamos nove cepas de Brevibacterium e Rothia capazes de produzir substâncias que inibem o crescimento de patógenos comuns em mamíferos", é descrito no resumo da pesquisa.
Bichos-preguiça contra as bactérias
Conforme os cientistas explicam no estudo, os organismos encontrados nas preguiças podem servir como defesa contra a proliferação de superbactérias e inibir a evolução de patógenos em mamíferos. Por exemplo, eles encontraram nove cepas das bactérias Brevibacterium e Rothia que ajudaram a reduzir a proliferação de patógenos.
Os dados da pesquisa sugerem que outra ordem de bactérias, nomeada de Micrococcales, tem um papel fundamental no controle de populações microbianas nesse habitat. Não é à toa que as preguiças são consideradas habitats perfeitos para diferentes insetos e algas, como a traça-preguiça (Cryptoses Choloepi), responsável por criar um ambiente perfeito para as algas — esse inseto se alimenta das secreções da pele do bicho-preguiça e coloca ovos em suas fezes.
A pesquisa está sendo realizada desde 2020, contudo, os cientistas afirmam que deve demorar mais algum tempo para uma utilização segura das bactérias na produção de medicamentos. Inclusive, eles afirmam que precisam analisar as comunidades bacterianas que vivem em espécies selvagens, já que existem limitações em estudar animais que cresceram em cativeiro.
“Essa modulação permite controlar a proliferação de bactérias potencialmente patogênicas para o hospedeiro ou inibir outros competidores (por exemplo, fungos) no nicho. Por outro lado, nossos resultados apontam para a pele da preguiça como uma nova fonte de bactérias produtoras de antibióticos que podem abrir a oportunidade para a descoberta de novas moléculas bioativas”, explica a equipe responsável pelo estudo.