Em 2017, os cientistas da Agência Espacial Europeia detectaram uma sombra misteriosa no sistema da estrela anã TW Hydrae e, agora, foram avistadas sombras que sugerem dois planetas bebês em formação. Em um novo estudo publicado na revista científica The Astrophysical Journal, os pesquisadores explicam que as sombras são formadas por discos protoplanetários que orbitam em torno da estrela e sugerem a formação dos planetas.
No primeiro avistamento da sombra, o Hubble a detectou fazendo uma rotação no sentido horário a cada 16 horas e, na época, eles acreditavam que se tratava da sombra de um planeta bebê que estava 'escondido' em algum local da região.
Em 2021, o Hubble fez mais observações da TW Hydrae e os pesquisadores perceberam que as sombras pareciam ser de múltiplos discos; eles acreditam que existam três discos em torno da estrela, orbitando em ângulos de inclinação fora de sua ordem original. Isso sugere a presença de não apenas um, mas de dois planetas bebês em formação — ou seja, a gravidade deles seria a força responsável por puxar os discos e causar a inclinação torta.
Segundo um dos pesquisadores do estudo e astrônomo da ESA, John Debes, até então, nenhum cientista havia observado um disco protoplanetário com essas características. Por isso, ele diz que o sistema da estrela anã é muito mais complexo do que os cientistas acreditavam anteriormente.
Os pesquisadores divulgaram as imagens capturada pelo Hubble, apresentando as diferenças das sombras registradas em 2017 (esquerda) e 2021 (direita).Fonte: NASA/ESA/J. Debes/STScI
"Quando olhei os dados pela primeira vez, pensei que algo havia dado errado com a observação porque não era o que eu esperava. Fiquei confuso no começo e todos os meus colaboradores perguntaram: o que está acontecendo? Nós realmente tivemos que coçar nossas cabeças, e levamos um tempo para realmente descobrir uma explicação", disse Debes.
Planetas bebês ao redor da estrela anã
Ao analisar os dados capturados pelo Hubble em 2021, a equipe de cientistas descobriu que a explicação mais provável é que as alterações estão sendo causadas por um segundo planeta bebê em formação — os dois estariam bem próximos um do outro. A medida que os planetas bebês orbitam, os três discos apresentam inclinações diferentes um do outro, responsáveis por causar as sombras nas regiões mais distantes da estrela.
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A TW Hydrae tem se tornado um grande interesse dos cientistas nos últimos anos, já que está a apenas 200 anos-luz de distância da Terra, tem cerca de 60% da massa do Sol e é ligeiramente menor que a nossa gigante flamejante — a estrela anã tem apenas 8 milhões de anos, em comparação com os 4,6 bilhões de anos do Sol.
"Os dois planetas devem estar bem próximos um do outro. Se um estivesse se movendo muito mais rápido que o outro, isso teria sido notado em observações anteriores”, completa Debes.
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