Foi aprovado nos Estados Unidos (26), a primeira medicação que utiliza como matéria-prima a microbiota fecal, que pode ser administrado por via oral. A medicação, produzida pela empresa Seres Therapeutics em Parceria com a Nestlé Health Science, pode ser um tratamento substitutivo para o transplante de fezes.
O VowstTM, medicação aprovada pela FDA (Food and Drug Administration), tem como objetivo a prevenção contra infecções recorrentes pela bactéria Clostridium difficile. Esse patógeno causa infecção intestinal que se manifesta com diarreia, e pode levar a quadros graves de desidratação, desnutrição e morte.
De acordo com estudos, o acometimento pelo C. difficile pode estar associado ao uso constante de antibióticos, que eliminam não apenas o patógeno, mas também causa danos extensos à microbiota saudável.
O Clostridium difficile é o principal agente causador de quadros diarreicos.Fonte: Getty Images
O tratamento, geralmente utilizado para minimizar danos, é o transplante de fezes. Nesse tipo de intervenção, fezes com microbiota saudável são transferidas para o paciente em tratamento, via colonoscopia ou enema.
Já existe no mercado uma medicação com efeito similar, chamado Rebyota, no entanto, sua administração é via anal. Mas esses tratamentos podem ser substituído, em breve, por um tratamento via oral.
O transplante fecal visa a restauração da microbiota intestinal, fortalecendo o sistema imunológico.Fonte: Getty Images
A medicação utiliza bactérias vivas, manufaturas a partir da matéria fecal de um doador saudável. Processando o material, a farmacêutica faz a coleta das bactérias benéficas e as condensa em uma cápsula.
De acordo com a empresa, a medicação é indicada para pacientes com mais de 18 anos, que já tenham realizado intervenção com antibióticos. O tratamento dura três dias, e o paciente deve ingerir quatro cápsulas, uma vez ao dia.
A medicação deve ser ingerida por via oral.Fonte: Getty Images
Em publicação em seu site, a Seres Therapeutics demonstra o resultado positivo no tratamento com o VowstTM ,que mostrou eficácia contra recontaminação por C. difficile em 88% dos casos, em até 8 semanas após o quadro inicial. Os dados da pesquisa também foram publicados na The New England Journal of Medicine, em 2020.
A expectativa dos pesquisadores é de que o Vowst possa substituir o transplante de fezes, e que haja como uma forma de prevenção, diminuindo os casos, facilitando o acesso e uso. De acordo com os dados da FDA, entre 15 mil e 30 mil pessoas morrem nos Estados Unidos, anualmente, devido à infecção pelo patógeno.
A previsão é de que a medicação esteja disponível no mercado americano a partir de junho deste ano.
Fontes