Quatro anos após a divulgação da foto icônica do primeiro buraco negro no coração de Messier 87, a galáxia elíptica a 55 milhões de anos-luz da Terra volta a fazer história com outra imagem, desta vez da mesma estrutura expelindo um poderoso jato astrofísico. Embora as imagens anteriores de M87 tenham capturado o buraco negro e o jato, eles não haviam ainda sido mostrados juntos.
Resultado de observações feitas em 2018 pelos telescópios Global Millimeter VLBI Array (GMVA), do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) e do Greenland Telescope (GLT), a nova imagem mostra, pela primeira vez, como a base desse tipo de jato se conecta à matéria girante do massivo buraco negro, antes de ser alimentado em sua superfície, no processo chamado pelos astrônomos de acreção.
Ao contrário da imagem de bichos-papões de estrelas, como se pensava há algumas décadas, os buracos negros no interior das galáxias são cercados por esses colossais discos de acreção e ejetam impressionantes jatos perpendiculares ao disco, um processo ainda não completamente compreendido pelos cientistas.
Qual a importância da nova imagem do buraco negro em M87?
A relevância da nova imagem é mostrar o jato astrofísico emergindo bem perto do buraco negro, além de revelar o que os cientistas chamam de "sombra do buraco negro". Progressivamente, a matéria que orbita essa região se aquece e emite muita luz. Essa singularidade gravitacional se curva e captura uma parte dessa luz, formando a estrutura parecida com um anel em volta da escuridão.
Embora possa parecer confuso para olhos não treinados nesse tipo de observação, os astrônomos conseguem ver a base do jato se conectando ao disco de acreção em torno de M87.
"Perto do buraco negro, o perfil de emissão da região de lançamento do jato é mais amplo do que o perfil esperado de um jato impulsionado por um buraco negro, sugerindo a possível presença de vento associado ao fluxo de acreção”, explica o estudo, publicado dia 26 de abril na revista Nature.
Por que o M87 de novo?
O M87 tem 6,5 bilhões de massas solares.Fonte: Event Horizon Telescope
Mais uma vez, o buraco negro no centro da galáxia M87 foi escolhido para esta nova investigação, além de futuras parcerias entre telescópios, porque é, ao mesmo tempo, próximo da Terra (em padrões intergalácticos) e muito grande, com 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol.
Para efeito de comparação, o buraco negro do centro de nossa galáxia, Sagitário A, tem uma massa mil vezes menor.
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