Em 2019, foi revelada a primeira imagem de um buraco negro real, provando mais uma vez os estudos propostos pela Teoria da Relatividade Geral, publicada pelo físico Albert Einstein em 1915. Até então, a imagem mostrava a sombra do buraco negro com um aspecto de 'embaçado', por isso, cientistas usaram uma técnica de aprendizado de máquina (machine learning) para melhorar a qualidade da foto.
Em um estudo publicado na revista científica The Astrophysical Journal Letters, na quinta-feira (13), os cientistas divulgaram uma imagem aprimorada do buraco negro, aperfeiçoada com a técnica de aprendizado de máquina PRIMO (Principal-component Interferometric Modeling). Foram usados os mesmos dados de processamento da foto anterior, contudo, a resolução foi melhorada por meio de algoritmos de reconstrução de imagem.
"Refiro-me carinhosamente à imagem anterior como 'donut de laranja felpudo' e tenho me referido a esta imagem como 'donut magro', que soa incrivelmente pouco apetitoso. Também discutimos 'donut diet', que é igualmente pouco apetitoso", brincou a astrofísica do Instituto de Estudos Avançados de Princeton e principal autora do estudo, Lia Medeiros, em mensagem enviada à agência Reunters.
Os buracos negros são objetos celestes formados a partir do colapso gravitacional de estrelas massivas que estão no fim de sua vida útil.Fonte: Medeiros et al 2023
Primeira imagem de um buraco negro
A imagem apresenta o buraco negro supermassivo encontrado no centro da galáxia Messier 87 (M87), localizado a cerca 55 milhões de anos-luz da Terra, confirmando muitas predições da física sobre o tema — ele foi originalmente observado em 2017, mas a divulgação aconteceu após dois anos. Os pesquisadores conseguiram capturar a imagem em parceria com o projeto Event Horizon Telescope (EHT), uma rede global de radiotelescópios com a capacidade de observar objetos no espaço.
Na primeira fotografia, é possível visualizar um anel alaranjado de gás quente e a silhueta escura do buraco negro, agora, a imagem parece ter um pouco mais de foco e mostra um anel de gás mais "magro". Em um vídeo divulgado pela equipe do estudo, é possível observar a técnica de aprendizado de máquina melhorando a imagem.
A pesquisa foi realizada por quatro cientistas membros do projeto EHT, inclusive, Medeiros afirma que a equipe planeja usar a técnica de melhoramento para aperfeiçoar a segunda imagem de um buraco negro — além de ser a segunda, é a única outra imagem de uma entidade celeste desta natureza.
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