Um dos fatos mais impressionantes da história das missões espaciais – a alteração da órbita do asteroide Dimorphos por uma sonda da NASA – foi objeto de estudo por duas equipes de astrônomos, que analisaram as imagens captadas pelo Very Large Telescope (VLT), uma instalação com quatro telescópios ópticos gigantes controlados pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) no Chile.
O impacto da sonda DART, acrônimo em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo, ocorrido no dia 26 de setembro, foi analisado pela equipe da astrônoma Cyrielle Opitom, da Universidade de Edimburgo (Escócia). Publicada na revista Astronomy & Astrophysics, a pesquisa detalhou "a morfologia, propriedades espectrais e evolução do material ejetado", ou seja, a nuvem de detritos.
Usando o instrumento de espectroscopia MUSE, os pesquisadores descobriram que o material ejetado inicial era mais azul do que antes do impacto, indício de partículas muito pequenas. A busca de assinaturas, no entanto, principalmente traços de oxigênio e possível água com origem em gelo exposto, nada revelou.
As descobertas da segunda equipe de pesquisa
Publicada na revista The Astrophysical Journal Letters, a segunda pesquisa trabalhou com o FORS2, um espectrógrafo de baixa dispersão, que funciona como um "redutor focal", que reduz o tamanho da imagem do objeto celeste para aumentar sua resolução espacial. O objetivo foi estudar de que forma o impacto da DART modificou a superfície do asteroide Dimorphos.
Liderada pelo astrônomo Stefano Bagnulo, do Observatório e Planetário de Armagh, na Irlanda do Norte, a outra equipe descobriu que, logo após o impacto, ocorreu uma súbita redução no nível de polarização, ou seja, a orientação do campo magnético do asteroide em relação ao seu binário Didymos.
Além de exibir o potencial do VLT quando seus diversos instrumentos trabalham em conjunto, os dois trabalhos, pela condição singular da missão da NASA na qual se debruçaram, mostraram dados "extremamente preciosos no que concerne a uma melhor compreensão da natureza dos asteroides", concluiu Opitom.
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