Governos do mundo inteiro aprovaram o mais recente relatório da ONU sobre mudanças do clima global, o sexto da organização Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC). Lançado na segunda-feira (20), o documento traz um alerta: “A bomba-relógio do clima está tiquetaqueando”, disse em comunicado o secretário-geral António Guterres.
De acordo com o parecer, que é fruto da conferência COP28, realizada em Dubai no final do ano passado, o mundo caminha rapidamente para "níveis catastróficos de aquecimento" global, com as metas climáticas internacionais prestes a sair de controle, a não ser que uma ação radical seja adotada imediatamente.
“Se agirmos agora, ainda podemos garantir um futuro habitável e sustentável para todos”, afirma o sul-coreano Hoesung Lee, presidente do IPCC, organização intergovernamental criada em 1988. O órgão, que reúne alguns dos principais especialistas em clima do mundo, reitera seus alertas e apresenta novamente um caminho para reduzir as emissões e reparar danos já causados.
Situação atual
IPCC reitera o desafio de manter o aquecimento global em 1,5ºC.Fonte: Getty Images
Desde 2018, o IPCC vem alertando o mundo para o enorme desafio de manter o aquecimento global em 1,5°C. Cinco anos depois, o desafio se tornou ainda mais inatingível, à medida que as emissões de gases de efeito estufa continuam a subir, em vez de declinar.
Chamado de AR6, o relatório de síntese atual tem como destaque sua seção final, chamada de "Respostas de curto prazo em um clima em mudança", que abrange um cenário de políticas internacionais atuais e um intervalo temporal entre 2030 e 2040. "Desarmar a bomba-relógio climática" implica em mudanças profundas em todos os setores da economia e da sociedade, preconizam os cientistas.
Desarmando a bomba-relógio climática
Segundo o relatório, para limitar em 1,5 grau o aquecimento, é preciso que os níveis globais de poluição caiam 60% até 2035 em comparação com 2019. A chamada Agenda de Aceleração de Guterres também prevê: eliminação do carvão até 2040, geração líquida de eletricidade zero para países desenvolvidos até 2035 e fim das licenças de exploração de petróleo e gás.
Nesse contexto, o IPCC recomenda um aumento do apoio às comunidades que mais sofrem com as alterações climáticas, pois "países que menos emitiram estão sentindo mais os impactos das mudanças climáticas". Finalmente, o relatório sugere tecnologias como a captura direta do ar (DAC) que capta o dióxido de carbono diretamente do ar e o armazena de forma segura e permanente, injetando-o no subsolo.
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