Segundo uma nova pesquisa publicada na revista científica Cardiovascular Research, os ruídos causados durante uma viagem de avião podem ajudar no desenvolvimento e deterioração da doença isquêmica do coração. O estudo foi realizado por pesquisadores do Departamento de Cardiologia da University Medical Center Mainz, na Alemanha.
O estudo investigou como os ruídos das aeronaves podem afetar os mecanismos responsáveis pela inflamação do coração e dos vasos sanguíneos. Para chegar a conclusão, os cientistas colocaram os ratos em ambientes com ruídos de aviões por 24 horas, durante quatro dias seguidos — alguns ratos sofreram infarto do miocárdio.
Durante os testes com ratos, os cientistas descobriram que o nível médio de 72 decibéis, com pico de até 85 decibéis, pode afetar os genes aórticos pró-inflamatórios. Além de causar a infiltração de células inflamatórias no tecido cardíaco dos camundongos, o ruído também aumentou a porcentagem de leucócitos pró-inflamatórios no sangue das áreas mais afastadas do coração.
"Nossos resultados translacionais mostram que os seres humanos que tiveram exposição ao ruído no passado terão um resultado pior se tiverem um infarto agudo do miocárdio mais tarde na vida", disseram os principais pesquisadores do estudo, Michael Molitor e Philip Wenzel.
Os ruídos de aviões, assim como outros ruídos semelhantes, podem contribuir para casos de ataque cardíaco.Fonte: Unsplash
Infarto por ruídos
Além dos testes em ratos, os cientistas utilizaram dados de 15 mil pessoas que participaram de um estudo populacional de longo prazo, realizado pelo Gutenberg Health Study (GHS). Assim, eles perceberam que os ruídos também causaram efeitos negativos na função cardíaca dos seres humanos.
Segundo o cardiologista e especialista em ruído, Thomas Münzel, o estudo apresenta resultados impressionantes, apresentando mais detalhes sobre como o ruído das aeronaves pode ajudar a causar infartos. "Não há mais dúvidas de que o ruído do transporte deve ser considerado um importante fator de risco cardiovascular, comparável à hipercolesterolemia, hipertensão, tabagismo e diabetes", disse o especialista.