Embora a atividade física seja bem estudada como mecanismo para redução da pressão arterial, a maioria das pesquisas sobre o tema se concentra em exercícios aeróbicos. No mês passado, um grupo de brasileiros publicou um estudo na revista Scientific Reports, no qual avalia também a musculação como ferramenta alternativa para o controle da hipertensão.
Coordenado pela professora Giovana Rampazzo Teixeira, do Departamento de Educação Física da Unesp de Presidente Prudente, um grupo de pesquisadores realizou uma revisão sistemática da literatura científica sobre o assunto através de uma meta-análise. O objetivo do estudo foi investigar a intensidade, o volume e a duração do treinamento de musculação para garantir melhores resultados.
"Em média, o treinamento de força realizado em oito a dez semanas foi suficiente para uma redução de 10 mmHg sistólico e 4,79 mmHg diastólico”, afirma Teixeira à Agência FAPESP. Esse conjunto de exercícios – com carga de moderada a vigorosa, durante dois ou três dias por semana – mostrou-se eficaz para reduzir a pressão arterial. Observados por volta da vigésima sessão, os efeitos hipotensivos duravam até 14 semanas, diz o estudo.
Estudo realizado por pesquisadores brasileiros mostrou como é o treinamento de força que ajuda no controle da pressão arterialFonte: Getty Images
Os pesquisadores brasileiros utilizaram a chamada metodologia Cochrane (que reúne ensaios clínicos randomizados) para avaliar o efeito de treinamentos de força sobre a pressão arterial em pacientes hipertensos. A análise estática trabalhou com dados do PubMed, EMBASE, Scopus, Biblioteca Cochrane e Organização Mundial da Saúde.
Embora já houvesse consenso sobre a eficácia da musculação como opção terapêutica, havia muita incerteza sobre quais protocolos eram os mais eficientes. Para obter uma prescrição mais eficaz, os autores trabalharam com uma amostragem de 253 participantes, com média de idade de 59 anos, divididos em vários ensaios controlados que avaliaram o efeito do treinamento de força por oito semanas ou mais.
Ao estabelecer que o impacto desse tipo de exercício – feito com carga moderada a vigorosa, duas a três vezes por semana, por pelo menos oito semanas – é capaz de diminuir a pressão arterial, o estudo dá aos profissionais uma importante ferramenta não farmacológica para atendimento a hipertensos, tanto na prática clínica quanto nas academias.
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