Uma revisão de estudos publicada no mês passado por pesquisadores da Universidade de Ciências Médicas de Birjand, no Irã, reuniu dados de 40 pesquisas que investigaram os efeitos da canela na função cognitiva. Conhecida por produzir um condimento para alguns tipos de carnes e no preparo de doces e pães, a casca interna da árvore Cinnamomum é também apresentada como um remédio.
O artigo foi publicado na revista científica Nutritional Neuroscience.
Diversas pesquisas têm demonstrado que a canela e seus compostos bioativos possuem propriedades capazes de influenciar a função cerebral e afetar algumas características comportamentais humanas. Dessa forma, o estudo iraniano buscou revisar todos os estudos anteriores que determinaram uma relação entre a canela e seus efeitos na memória e na aprendizagem.
A canela é uma especiaria que pode ser usada em receitas doces e salgadasFonte: Getty Images
Alguns desses trabalhos atribuem à especiaria benefícios cognitivos e propriedades anti-inflamatórias, anticancerígenas e imunomoduladoras. Outros conferem à canela uma ação neuroprotetora contra doenças do cérebro, graças a um composto chamado cinamaldeído que inibe o acúmulo de placas beta-amiloide — importante biomarcador da doença de Alzheimer.
Os pesquisadores coletaram 2.625 estudos em diferentes bancos de dados, como PubMed, Scopus, Google Scholar e Web of Science, em setembro de 2021. Destes, foram incluídos 40 na revisão sistemática por atender aos critérios desejados. Do total selecionado, 33 eram estudos "in vivo", cinco "in vitro" e apenas dois estudos clínicos.
Nesses dois estudos envolvendo pessoas, eles avaliaram o extrato ou o pó da canela. No primeiro deles, os cientistas descobriram que mascar chiclete de canela durante 40 dias afetou de forma positiva a memória de adolescentes. No outro estudo clínico, não foram observadas mudanças significativas na memória quando a canela foi ingerida via oral.
Consultados sobre a pesquisa pelo Medical News Today, nutricionistas que não participaram da revisão afirmaram que, por envolver apenas dois estudos clínicos (um deles sem efeito positivo), é necessário realizar um estudo randomizado controlado antes de atestar eventuais benefícios da canela.
Fontes