Este texto foi atualizado às 17h35 do dia 1º/03/23.
A energia eólica, que é limpa e sustentável, está ganhando destaque no Brasil e no mundo. Na rede elétrica brasileira ela tem disputado o terceiro lugar, atrás apenas de fontes hídricas e térmicas.
Espanha, Alemanha e Dinamarca são alguns outros países que lideram nesse setor. Inovações tecnológicas que vêm ocorrendo nos últimos anos não param de impulsionar a conversão de ventos em eletricidade. Saiba mais sobre as origens e os caminhos para o futuro da energia eólica.
Atualmente, os ventos já produzem 9,5% de toda energia elétrica que consumimos. Esse valor garante para nós, brasileiros, o décimo lugar no ranking mundial de uso da energia eólica. Nossa capacidade instalada atualmente é de pouco mais de 24GW, segundo dados da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).
Quando a energia eólica surgiu?
O uso dos ventos como fonte de energia não é uma novidade para a humanidade. Desde a antiguidade os moinhos de vento e cataventos são empregados como forma de aproveitar o movimento do ar em prol das atividades comerciais.
A moagem de grãos, a drenagem de terras alagadas e o movimento de barcos à vela são exemplos de algumas aplicações antigas dessa tecnologia. Seus usos perduraram por muitos séculos, e foram aperfeiçoados principalmente na Europa medieval.
No final do século 18, nos Estados Unidos, a tecnologia deu mais um salto. Algumas adaptações permitiram o seu emprego para o bombeamento de água e abastecimento do sistema de bebedouros de grandes pastagens de animais.
Antigos moinhos de vento da Holanda e da Espanha são exemplos de usos tradicionais de energia eólica (Getty Images)
Mas foi em 1888 que o inventor americano Charles Bruch construiu, nesse mesmo país, o primeiro catavento capaz de converter os ventos em energia elétrica. A planta de produção, ainda que pequena - e potência de 12 kW - permaneceu por 20 anos em funcionamento.
Neste mesmo período, do outro lado do Atlântico, os europeus davam início aos programas governamentais de desenvolvimento eólico. Cerca de 70 turbinas foram construídas pelo continente, com potência média de 25 kW.
Quando os russos entraram em cena, a tecnologia mudou de vez. Eles desenvolveram os primeiros aerogeradores de grande porte, capazes de gerar até 100 kW. Esses novos equipamentos foram conectados à rede elétrica do país e daí em diante a energia eólica veio para ficar.
A energia eólica no Brasil e mundo
Na década de 1970, durante o período do primeiro Choque do Petróleo, os preços deste combustível dispararam no mercado mundial. Frente ao caos econômico instalado, grandes potências passaram a investir com mais afinco no desenvolvimento de fontes alternativas.
Foi então que a energia eólica voltou ao centro das atenções. No Brasil, em 1979, a Eletrobras elaborou um mapa do potencial dos ventos no território.
Outro grande marco foi a instalação, em 1991, de uma usina offshore, isto é, em pleno mar. Esse tipo de planta industrial permite aproveitar também os fortes ventos oceânicos e amplia a capacidade de geração de muitos países.
Plantas de geração offshore permitiram o acesso à um recurso antes inacessível: os ventos dos mares (Getty Images)
No ano seguinte, no Brasil, foi inaugurada a primeira turbina, no arquipélago de Fernando de Noronha. Nos dez anos seguintes, entretanto, houve poucos avanços no âmbito nacional, principalmente pelo alto custo da tecnologia.
Só em 2001, com a crise energética, houve a criação do Proeólica, que tinha o objetivo de contratar 1.050 MW instalados no território nacional. Em 2003 o programa foi substituído pelo Proinfa, que deu continuidade aos financiamentos.
O que podemos esperar do futuro?
Os esforços mundiais pela desaceleração do aquecimento global apontam na direção da neutralidade de carbono. Os ambientalistas querem que o objetivo seja atingido até 2050, e para atingir essa meta é indispensável o investimento em energia eólica.
Apesar da resistência de grandes economias, como a China e os Estados Unidos, sem dúvida essa tecnologia está na pauta das pesquisas científicas de ambos os países.
Aqui no Brasil não é diferente. O país tem uma matriz elétrica muito mais renovável do que a média dos países industrializados, mas ainda estamos aquém dos esforços necessários para preservar a natureza.
A estimativa é de que a energia eólica continue crescendo nos próximos anos, se firmando definitivamente como a terceira principal fonte de energia elétrica do país e trazendo, na sua esteira, espaço para a instalação de outras tecnologias, como placas solares. Conhecida desde a antiguidade, a energia dos ventos nos aponta agora os caminhos para o futuro.
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