Um estudo realizado no ano passado no Departamento de Psicologia da Universidade Tufts, de Medford, nos Estados Unidos, buscou compreender um dos aspectos mais difíceis do transtorno do estresse pós-traumático (TEPT): por que algumas pessoas, mesmo tendo passado por traumas similares a pacientes da doença, não desenvolveram a condição?
Na construção de uma hipótese que desse conta de justificar essas reações distintas quanto à exposição ao trauma, os pesquisadores se concentraram em um sintoma do transtorno, a chamada "hipervigilância", definida como necessidade de monitorar continuamente o seu ambiente em busca de potenciais ameaças, pela primeira autora do estudo, Cecilia Hinojosa.
Publicada em dezembro passado na revista Journal of Psychiatric Research, a pesquisa detectou um marcador cerebral capaz de indicar maior vulnerabilidade ao distúrbio quando um trauma ocorre. Essa "hiper responsividade" ocorre em uma região específica do cérebro – a amígdala – como resposta a ameaças percebidas.
Como os pesquisadores descobriram a propensão à TEPT?
Fonte: Universidade Tufts/DivulgaçãoFonte: Universidade Tufts
Para testar suas hipóteses, a equipe da Tufts trabalhou com um conjunto de 27 pares de gêmeos idênticos para mostrar quais características são familiares e quais não são. Os participantes do ensaio clínico foram colocados em máquinas de ressonância magnética funcional (fMRI) para mapear a atividade cerebral enquanto os sujeitos eram submetidos a estímulos representados por imagens de um rosto surpreso e um rosto neutro.
Nos gêmeos do grupo de teste, um irmão havia sofrido trauma e desenvolvido TEPT e o outro não havia sofrido trauma. Já no grupo controle, um irmão havia sofrido trauma, mas não desenvolveu TEPT, e o outro não havia sofrido nenhum trauma. Participantes com TEPT tiveram maior ativação da amígdala, tanto ao observar olhares surpresos como expressões faciais neutras.
Curiosamente, o mesmo ocorreu com os gêmeos do grupo sem TEPT que não haviam sido expostos a traumas. Os cientistas concluíram que é a ativação inflacionada da amígdala que predispõe os indivíduos ao transtorno.
ARTIGO - Journal of Psychiatric Research - DOI: 10.1016/j.jpsychires.2022.10.049.
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