Sinto em dizer, mas sim, o fungo de The Last of Us é real. Contudo, ele não reage exatamente conforme apresentado na franquia. Com o lançamento da série da HBO, a saga de Joel e Ellie voltou a se popularizar em todo o mundo; a parte inicial do primeiro episódio deixou muita gente com medo do Cordyceps — na cena, um cientista aponta que os fungos podem ser mais perigosos que os vírus.
Na realidade, há cerca de 600 variedades do Cordyceps encontradas em diferentes regiões do mundo, e ele reage com sintomas que transformam o hospedeiro em um tipo de zumbi — assim como em The Last of Us. Mas calma, pelo menos por enquanto o fungo só é capaz de infectar diferentes espécies de insetos.
O Cordyceps é um fungo parasita que também está presente em florestas tropicais em todo o mundo, inclusive no Brasil.Fonte: Shutterstock
O que é o Cordyceps?
O Cordyceps é um fungo ascomiceto parasita que se hospeda em diferentes espécies de insetos — cada variação do fungo é especializada em um inseto diferente, como em formigas e lagartas. Os esporos liberados pelo Cordyceps hospedam o animal e o transformam em um tipo de zumbi, causando um comportamento errático com o objetivo de espalhar ainda mais esporos entre outros bichos invertebrados.
Ao se tornar hospedeiro do fungo, em muitos casos, o inseto será induzido a voltar ao seu ninho, onde estão os outros da sua espécie, para espalhar os esporos e infectar mais hospedeiros. A depender da variedade, a incubação do Cordyceps pode demorar até cinco dias, quando um ascoma (o corpo) do fungo começa a crescer pelo inseto e espalhar os esporos pela região — o crescimento do cogumelo pode durar entre uma e duas semanas.
“Após cerca de uma a duas semanas da morte da formiga, observa-se a formação do ascoma para fora do corpo do animal. Os esporos são produzidos e liberados para o ambiente, podendo, novamente, infectar novas formigas”, disse a professora de biologia do site Brasil Escola, Vanessa Sardinha dos Santos.
No jogo, o fungo deixa os infectados agressivos como um zumbi, mas eles passam por diversos estágios até o fungo explodir para fora de seus corpos.Fonte: Naughty Dog/PlayStation/Reprodução
A variedade apresentada em The Last of Us é o Ophiocordyceps unilateralis, que costuma infectar diferentes espécies de formigas e outros artrópodes. Obviamente, a versão fictícia do Cordyceps apresentada na franquia sofreu mutações para conseguir hospedar seres humanos.
Posso virar zumbi com o Cordyceps?
Pode ficar calmo, pelo menos por enquanto, você não será infectado por uma das variedades do Cordyceps. Os anticorpos dos humanos são a defesa necessária para nos proteger do Cordyceps e, mesmo assim, a versão do fungo que sofreu mutação em The Last of Us não existe na vida real.
Apesar dos diferentes aspectos negativos que o Cordyceps proporciona para os insetos, existem diversos estudos científicos que sugerem benefícios do uso medicinal para os seres humanos. Dezenas de empresas já vendem o Cordyceps em diferentes versões, comumente, em pó ou no seu formato original.
Além de crescer em corpos de insetos, o Cordyceps também é cultivado em arroz, principalmente, entre os fabricantes de produtos medicinais.Fonte: Shutterstock
Cordyceps para melhorar a saúde
Diferentes dados científicos apontam que o uso do Cordyceps é benéfico para os seres humanos, proporcionando diversos efeitos positivos. Entre as vantagens do uso medicinal por ingestão, especialistas e sites especializados apontam que o cogumelo pode melhorar o sistema imunológico, a função renal, aumentar a energia diária e até ajudar a microcirculação e o fornecimento de sangue no cérebro.
O Cordyceps também contém um composto bioativo que pode ajudar contra o câncer, a cordicepina. Em um estudo recente sobre o cogumelo, os cientistas descobriram que os altos níveis de cordicepina do fungo podem ajudar contra a proliferação do câncer.
“A cordicepina é um dos análogos de nucleosídeos citotóxicos com atividades terapêuticas complementares na antiproliferação e antimetástase em células cancerígenas. Além disso, descobertas recentes de pesquisas exigem fortemente estudos pré-clínicos e clínicos de cordycepin para o tratamento abrangente da covid-19”, disse em comunicado Mi Kyeong Lee, autor sênior do estudo sobre os benefícios da cordicepina contra o câncer.
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