Um estudo aprovado recentemente para publicação na edição de fevereiro de 2023 da revista Journal of South American Earth Sciences fornece um cenário inteiramente inédito da diversidade de dinossauros e aves na Patagônia chilena, durante o Cretáceo Superior. O período é marcado na Paleontologia pela extinção dos dinossauros não aviários pelo impacto do grande asteroide que caiu em Chicxulub, no México.
Coletados por uma equipe da Universidade do Texas em Austin, dos Estados Unidos, os fósseis referem-se ao primeiro registro de terópodes em ecossistemas de altas latitudes do sul do planeta. Essa subordem de dinossauros bípedes inclui de megaraptors gigantes com enormes garras em forma de foice a diversas espécies de pássaros que incluem algumas famílias atuais.
Esses achados são importantes para reavaliar as hipóteses dos eventos que podem ter levado cerca de três quartos de toda a vida na Terra à extinção. No entanto, alguns trabalhos mais recentes sugerem que a diversidade de dinossauros já estava em declínio antes do famoso evento de extinção. Mas nenhuma das proposições incluiu os registros do Hemisfério Sul.
Como foi feito o estudo sobre terópodes na Patagônia?
Dentes de megarraptor de vários pontos de vista. (Fonte: Davis et al./Divulgação.)Fonte: Davis et al.
Com foco em fósseis de terópodes datados de 66 a 75 milhões de anos, a coleta de materiais anteriores à queda do asteroide teve início em 2017, quando diversos alunos de graduação e pós-graduação do departamento de Ciências Geológicas da UT Austin se juntaram a colaboradores chilenos na Patagônila.
Um dos dois principais grupos de terópodes era o dos megaraptors, grandes carnívoros que chegavam a 8 metros de comprimento e são considerados os maiores dinossauros não aviários que habitaram a América do Sul no Cretáceo Superior. O outro grupo, os unenlagiinae eram "parentes" próximos dos velociraptors, e seus tamanhos variavam do de uma galinha doméstica a até 3 metros de altura.
Importância da pesquisa
De acordo com a principal autora, Sarah Davis, este estudo pode auxiliar na investigação da teoria de que o Hemisfério Sul enfrentou consequências climáticas menos intensas do que as do Hemisfério Norte.
Em um comunicado, o coautor e diretor do Instituto Antártico do Chile, Marcelo Leppe, afirma que esses registros do passado são a chave para a compreensão da vida atual.
“Aqui os terópodes ainda estão presentes – não mais como dinossauros tão imponentes quanto os megaraptorídeos – mas como a diversidade de pássaros encontrados nas florestas, lagoas e pântanos da Patagônia, na Antártica e na Austrália”, conclui.
ARTIGO - Journal of South American Earth Sciences - DOI: 10.1016/j.jsames.2022.104163.
Fontes