O rover Curiosity descobriu depósitos de opala na cratera Gale, em Marte. A descoberta do material, que na Terra é usado para fabricar joias, assume grande importância em geologia por ser constituída de sílica hidratada, um sinal de que o Planeta Vermelho já teve depósitos de água, um recurso considerado vital para futuras missões no local.
A constatação, feita remotamente por uma equipe de pesquisa que analisou dados do rover e do seu espectrômetro de nêutrons (DAN), observou as chamadas auréolas metamórficas de tons claros incrustradas em fraturas rochosas em unidade sedimentar da cratera Gale (Stimson) e em outro grupo geológico distinto (Bradbury).
Publicado em dezembro (19) na revista Journal of Geophysical Research: Planets, o estudo foi feito com base em fotos antigas registradas logo após o envio do Curiosity a Marte (2012), quando o rover passou por acaso sobre uma dessas auréolas.
Reavaliando as imagens do Curiosity
Rochas em tons claros em volta das auréolas de fratura em Marte. (Fonte: Malin Space Science Systems/NASA/JPL-Caltech/Reprodução.)Fonte: Malin Space Science Systems/NASA/JPL-Caltech
Revendo as imagens antigas do Curiosity, os pesquisadores notaram uma enorme extensão de auréolas de fraturas que se estendiam até o horizonte do planeta. Aplicando novos métodos de pesquisa nos dados de instrumentos da época, a equipe descobriu que essas formações rochosas, inclusive as descobertas posteriormente, continham uma característica comum: muita sílica e água.
De acordo com o estudo, essa sílica opalina de tons claros representa "raízes expostas" de condições úmidas e protetoras na histórica geológica recente de Marte. Os dados coletados pelos instrumentos do Curiosity indicam que o evento foi de curta duração, e logo seguido por condições opostas frias e secas.
Implicações da descoberta para futuras missões
Por estar localizada em uma camada subsuperficial do planeta, toda essa rede rica em água ficou preservada da radiação cósmica em um ambiente potencialmente habitável, durante uma era mais recente. Essas condições podem ter permanecido potencialmente habitáveis mesmos depois que a superfície secou e se tornou inóspita para qualquer forma de vida.
Uma implicação importante desta descoberta é que a opala pode se constituir em uma fonte útil de água para futuros exploradores humanos do planeta. Como a água não fica "presa" dentro da estrutura cristalina, ela pode ser liberada do material, se triturado e aquecido. De acordo com a equipe, uma dessas auréolas com 1 metro de comprimento pode liberar cerca de 5,7 litros de água nos 30 centímetros superiores da superfície.
ARTIGO - Journal of Geophysical Research: Planets - DOI: 10.1029/2020JE006600.
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