Um aumento acentuado nos casos de covid-19, um afrouxamento nos controles chamados de "covid-zero" e um rigoroso inverno fazem com que a China enfrente atualmente o que pode ser classificado como o maior surto mundial da doença na pandemia desde o seu início. De acordo com as autoridades de saúde pública do país, pelo menos 800 milhões de pessoas podem ser infectadas nos próximos meses.
A previsão, feita pelo vice-diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, Xiaofeng Liang, em um comunicado à imprensa é que uma primeira onda de covid-19 pode infectar, de fato, cerca de 60% de população do país. Isso significa que, nos próximos 90 dias, 10% da população mundial podem estar infectados.
Em entrevista ao NPR, o epidemiologista Ben Cowling destaca que se trata da disseminação mais rápida da covid-19 do que em qualquer outro momento durante a pandemia. Usando o chamado número R (reprodutivo) da doença, os cientistas da Comissão Nacional de Saúde da China estimam em 16 o número de novas pessoas que uma doente infecta.
Política de covid-zero na China
Fonte: Shutterstock/Reprodução.Fonte: Shutterstock
Além do número R altíssimo, que duplica o número de casos em horas, atualmente a população tem pouca imunidade ao coronavírus simplesmente porque a grande maioria nunca foi infectada. Como executou quarentenas massivas, testes e restrições de viagens, a China evitou que grande parte da população fosse infectada, mas tem agora 1,4 bilhão de pessoas suscetíveis à infecção.
Hoje, circulam na China algumas variantes altamente transmissíveis de ômicron espalhadas por todas as regiões, inclusive a chamada BF.7 que circula pela Europa e EUA desde agosto passado.
O que preocupa é que, embora cerca de 90% da população com mais de 18 anos tenha sido vacinada, somente 50% dos idosos receberam a terceira dose, o que deixa cerca de 11 milhões de pessoas em risco de hospitalização e mortes que podem chegar a 500 mil pessoas.
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