O check-up anual consiste em exames de rotina que visam detectar e prevenir doenças, frequentemente silenciosas, ainda no início. “Isso significa que o que antes poderia ser fatal, agora pode ser tratado como doença crônica, permitindo ao paciente viver mais e melhor”, explica o médico clínico-geral Ricardo Golmia, responsável por doenças autoimunes da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Ele afirma que o ideal é que se leve em conta fatores como sexo, idade, histórico familiar e médico, condição social e psíquica. “É necessário avaliar o paciente como ser holístico, um todo. Com isso você define o que faz sentido para cada indivíduo.”
Investigar doenças cardiovasculares é essencial para todos os adultos
O médico coordenador do Centro de Acompanhamento da Saúde e Check-up do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, Marcos Rienzo, destaca a importância de verificar fatores de risco para doenças cardiovasculares, a principal causa de mortes no Brasil.
“Para homens e mulheres adultos, é normalmente a primeira coisa que se deve olhar. São doenças que vão levar anos para se manifestar, mas detectando em uma idade prematura faz toda a diferença lá na frente”, explica.
Avaliar fatores de risco para doenças cardiovasculares anualmente é importante para a prevenção.Fonte: Shutterstock
Neste sentido, o médico indica a maiores de 18 anos medir a pressão anualmente, para verificar a possibilidade de hipertensão arterial, e analisar a dosagem de colesterol no sangue, fator de risco para doenças circulatórias.
Outra doença que apresenta longa fase assintomática é a diabetes. O exame de sangue para dosar a glicose informa se a pessoa está pré-diabética ou diabética, permitindo intervir de forma precoce e prevenir as complicações da doença não tratada, a exemplo de doenças circulatórias, insuficiência renal e cegueira.
“São coisas muito simples, de custo baixo, e com uma eficácia muito alta. O custo-efetividade justifica você fazer anualmente”, diz Rienzo.
Exames também variam de acordo com sexo
Ricardo Golmia, clínico-geral do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, aponta que para pacientes do sexo feminino entre a primeira menstruação e os 40 anos de idade são feitos exames laboratoriais para avaliar níveis de colesterol, triglicérides, glicose, ferro, hormônios tireoidianos e sexuais.
Ele também recomenda exames sorológicos para avaliar a presença de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), ultrassom transvaginal para avaliar os ovários, parede uterina e endométrio, e ultrassom de tireoide, que pode ajudar a detectar e diagnosticar anomalias.
A OMS recomenda que exames para detecção de HIV sejam feitos anualmente.Fonte: Shutterstock
Rienzo aponta que o exame sorológico para pesquisa de HIV, vírus causador da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), deve ser feito ao menos uma vez por ano, segundo recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde).
O papanicolau, ou exame preventivo de colo de útero, é indicado por ambos os especialistas para mulheres que iniciaram a vida sexual. Simples e rápido, o exame pode detectar alterações nas células do colo do útero que sejam sugestivas de câncer, além de sinais de infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano), infecções sexualmente transmissíveis e infecções vaginais.
Alguns homens possuem resistência, mas há exames específicos importantes
Homens também devem fazer exames preventivos, apesar de frequentemente não terem como hábito. “Eles ainda possuem uma certa ‘resistência’ em relação a esses cuidados, mas posso citar alguns exames preventivos que são indispensáveis”, relata Golmia.
Entre eles, estão exames para detecção de ISTs e o exame de próstata, para avaliar a presença de alterações na glândula, cuja realização anual ou bianual é indicada a partir dos 40 anos.
Mais exames são recomendados a partir dos 40 anos
Rienzo recomenda que a partir dos 40 anos sejam feitos outros exames para avaliar a saúde cardiovascular, como eletrocardiograma, exame rápido que utiliza eletrodos fixados na pele, e o teste ergométrico, em que a avaliação é feita com o indivíduo submetido a esforço físico crescente.
Nesta idade, também é indicado que mulheres realizem mamografias anuais. Golmia recomenda ainda a realização do exame de densitometria óssea, para avaliar a existência de osteoporose e prevenir possíveis fraturas.
A partir dos 40 anos, exames como o teste ergométrico devem ser realizados com maior frequência.Fonte: Shutterstock
Já Rienzo recomenda este mesmo exame com frequência menor, após a menopausa, quando há aceleração de perda de massa óssea. “Não deve ser feito todo ano porque tem radiação, então a gente acaba fazendo a cada 2 anos”, explica. Ele complementa que, para homens, geralmente após os 70 anos que a questão se torna mais relevante.
Outros exames devem ser avaliados pelo médico, clínico-geral ou de família, que acompanha o indivíduo. A existência de doenças crônicas e degenerativas como Alzheimer, que podem surgir com o envelhecimento, pode ser percebida de forma precoce por este profissional, que direciona o rastreamento de acordo com a necessidade.
Para resumir
O mais importante é que a avaliação junto de um médico de confiança seja feita anualmente, com a indicação dos exames necessários de acordo com aspectos particulares ao indivíduo. Porém, alguns exames são geralmente recomendados de acordo com a faixa etária e sexo.
O acompanhamento anual junto a um médico de confiança é essencial para definir os exames, considerando a especificidade de cada pessoa.Fonte: Shutterstock
Exames recomendados para adultos, com 18 anos ou mais:
- medir a pressão arterial
- dosagem de colesterol
- dosagem de glicose
- exames para infecções sexualmente transmissíveis
- ultrassom vaginal e de tireoide
A partir dos 40 anos:
- eletrocardiograma
- teste ergométrico
Para pessoas do sexo feminino a partir dos 40 anos:
- densitometria óssea, especialmente após a menopausa
- mamografia
Para pessoas do sexo masculino a partir dos 40 anos:
- exame de próstata