Em publicações semanais, o TecMundo e o #AstroMiniBR, perfil do Twitter que reúne astrônomos e divulgadores de astronomia, reúnem cinco curiosidades relevantes sobre o espaço. Confira os destaques desta semana abaixo!
#1: Quantas casas decimais de pi usar?
Para cálculos de missões espaciais, a NASA usa uma aproximação de 15 casas para o número pi (π = 3.141592653589793).
Com 40 dígitos, é possível calcular uma circunferência do tamanho do universo observável com uma imprecisão menor que um átomo de hidrogênio.#AstroMiniBR pic.twitter.com/7y3ntayQsn
Todo mundo lembra dessa informação da matemática elementar: pi é um número irracional definido por meio da relação entre o perímetro de uma circunferência e seu diâmetro e vale aproximadamente 3,14.
O número pi, por apresentar uma sequência infinita de dígitos, pode ser expresso indefinidamente, de acordo com o interesse que se tenha em obter um determinado resultado. Recordistas mundiais, por exemplo, já memorizaram com perfeição a ordem de mais de 70 mil algarismos nas casas decimais de pi.
Porém, esse nível de rigor absurdo é desnecessário para a maioria absoluta dos procedimentos matemáticos que requerem uma aproximação para o seu valor. Cálculos de alta precisão, como aqueles utilizados pela NASA para navegação interplanetária, usam uma aproximação com 15 casas decimais: 3,141592653589793. Na realidade, não é necessário usar muito mais casas decimais do que essas. Isso porque não há cálculos fisicamente realistas que os cientistas realizem para os quais seja necessário incluir tantos pontos decimais quanto a mente for capaz de imaginar.
Uma prova disso é que a espaçonave mais distante da Terra, a Voyager 1, está a cerca de 24 bilhões de quilômetros de nós; se quiséssemos gerar uma circunferência que tivesse essa distância como raio, ao utilizarmos um valor de pi com 15 algarismos, o erro dessa medida seria menor que 1 centímetro. Se fôssemos ambiciosos e quiséssemos abarcar todo o universo visível, poderíamos utilizar apenas 40 dígitos e esse erro seria menor que o diâmetro de um átomo de hidrogênio!
#2: A cratera Tycho sob o olhar de Orion
??IMAGEM DA SEMANA??
O sobrevoo da Lua pela nave Orion ao iniciar sua trajetória de retorno à Terra, com queda prevista para o dia 11/12 no Oceano Pacífico. A cratera raiada Tycho aparece em destaque. #AstroMiniBR pic.twitter.com/04JteD5SfC
A espaçonave Orion da NASA está encerrando sua missão inaugural fora da Terra: projetada para levar astronautas à Lua, a sonda fez uma série de manobras e testes na órbita lunar e atualmente encontra-se em trajetória de retorno à Terra, onde está prevista para cair no Oceano Pacífico no domingo (11).
Nessa breve e impressionante jornada, Orion registrou a superfície lunar com detalhes incríveis: o vídeo acima mostra um dos últimos sobrevoos próximos antes do retorno em que é visível a cratera Tycho com extensos sistemas de raios de detritos de cores claras explodidos pelo impacto do meteorito que a formou. Em geral, essas crateras raiadas são relativamente jovens e possuem algumas dezenas até poucas centenas de quilômetros de largura.
#3: A belíssima Nebulosa do Camarão
?? NEBULOSA DO CAMARÃO
O telescópio de 2,2m da ESO, no Chile, capturou uma das melhores imagens desse berçário estelar.
Essa nebulosa fica a 6000 anos-luz de distância na constelação de escorpião, e podemos ver estrelas recém-nascidas entre as nuvens.#AstroMiniBR
© ESO pic.twitter.com/q8Appfbpud
Ao sul de Antares, na cauda da constelação de Escorpião, riquíssima em nebulosas, encontra-se a nebulosa de emissão conhecida como Nebulosa do Camarão (IC 4628). Inúmeras estrelas quentes, massivas e jovens, com apenas alguns milhões de anos, irradiam a nebulosa com luz ultravioleta invisível, arrancando elétrons dos átomos. Esses elétrons eventualmente se recombinam com outros átomos para produzir o brilho nebular que vemos na imagem acima, dominado pela emissão vermelha do hidrogênio.
A uma distância estimada de 6.000 anos-luz da Terra, a região tem cerca de 250 anos-luz de diâmetro, o equivalente a três luas cheias no céu. Essa imagem impressionante foi obtida com o telescópio MPG/ESO de 2,2 metros do Observatório de La Silla, no Chile, e é uma das melhores fotografias deste objeto até hoje.
#4: Por que observar objetos celestes em diferentes filtros?
um exemplo da importância de observar o mesmo objeto em várias frequências
aqui a galáxia NGC 628 vista desde o radio (@almaobs) até o ultravioleta próximo (@AstroSat3). e no infravermelho, com o @NASAWebb, vemos bolhas no meio interestelar dessa galáxia ????#AstroMiniBR + pic.twitter.com/VtSHbKp7vv
Na astronomia moderna, é comum observar um mesmo objeto celeste sob diferentes filtros e combinar esses dados para obter resultados científicos mais aprimorados. Diferente de décadas anteriores, quando os astrônomos trabalhavam essencialmente em um determinado comprimento de onda, como rádio, óptico ou raio-X, atualmente as observações possuem a vantagem de detectar estruturas e processos físicos impossíveis para alguns filtros individuais.
Como a física que impulsiona a evolução dos objetos celestes como estrelas e galáxia é complexa, a combinação de observações em vários comprimentos de onda do mesmo objeto permite aos astrônomos entender melhor os processos físicos associados. Por exemplo, a galáxia acima pode parecer comum na luz visível, mas esse mesmo objeto em infravermelho apresenta uma série de bolhas possivelmente originadas por fenômenos altamente energéticos.
#5: Um rádio interferômetro brasileiro
O BDA - Brazilian Decimetric Array - é um experimento interferométrico constituído por 26 antenas de 4 metros de diâmetro. Está instalado em Cachoeira Paulista e tem o Sol como alvo principal. #AstrominiBR pic.twitter.com/jrfk5bindm
O Brazilian Decimetric Array (BDA) é um rádio interferômetro brasileiro instalados no INPE, em Cachoeira Paulista, São Paulo, que está em operação desde o final de 2004. O BDA conta com cinco protótipos de antenas que empregam técnicas modernas e econômicas de interferometria na banda de rádio para obter imagens do Sol com alta resolução espacial e temporal. Ele é capaz de gerar dez imagens do Sol por segundo e realizar uma análise em tempo real, utilizando técnicas de tomografia espectral. Com o BDA espera-se aprimorar também a previsão do clima espacial.
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