*Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Quando pensamos em físicos famosos, Isaac Newton e Albert Einstein são os primeiros que vêm à mente das pessoas. O segundo se tornou tão famoso que até sua aparência virou referência para qualquer cientista. É só observar o número de cientistas de cabelos brancos bagunçados estão em obras de ficção como filmes e livros.
Porém, a imagem da profissão cientista não pode ser associada somente com uma aparência ou uma origem específica, uma vez que é uma profissão extremamente diversa que contempla, principalmente em tempos mais recentes, homens, mulheres, brancos, negros, entre tantas outras possibilidades. A história de Michael Faraday, que viveu entre os séculos XVIII e XIX e que deve ser entendida dentro do contexto dessa época, é apenas um exemplo de que cientistas podem ter origens diversas.
Faraday nasceu em uma família inglesa humilde e não frequentou escola de maneira formal após sua alfabetização. Basicamente, toda a sua educação se deu trabalhando, desde os 14 anos, com encadernação de livros, que ele aproveitava para ler. Ao ler sobre a eletricidade, da maneira como ela era entendida em sua época, Faraday ficou fascinado por essa força invisível que movia os elétrons e os controlava da maneira que nos fosse conveniente.
Gravura mostra o cientista inglês Michael FaradayFonte: Getty Images
Tal aprendizado fez com que Faraday buscasse assistir uma palestra do químico britânico Humphry Davy, que era o diretor do Instituto Real Britânico à época (um dos maiores centros científicos do mundo) e o convidou para um estágio. Davy também fez inúmeras contribuições para a Química incluindo a descoberta da existência de diversos elementos, como o Oxigênio, por exemplo. Porém, apesar disso, muitos dizem que sua maior descoberta, foi Michael Faraday.
O principal trabalho de Faraday foi a descoberta do fenômeno físico chamado de indução eletromagnética. Tal fenômeno explica a geração de energia elétrica em praticamente todos os tipos de usina que utilizamos hoje. Seja em uma usina hidrelétrica, eólica ou nuclear, o trabalho de Faraday está no centro da produção da energia elétrica que você está utilizando agora para ler esse texto.
Tal fenômeno acontece quando um campo magnético, como o que é produzido em um ímã, por exemplo, atravessa a superfície de um circuito elétrico fechado. Desse modo, é definida uma grandeza física chamada de fluxo magnético. Essa grandeza mede justamente a maneira com a qual o campo magnético atravessa o circuito. Faraday percebeu que, quando o fluxo magnético em um circuito varia com o tempo, uma corrente elétrica é induzida no circuito. Algo que utilizamos para alimentar nossos equipamentos eletrônicos até hoje.
Portanto, as contribuições científicas de Faraday são tão revolucionárias e importantes para a vida humana quanto qualquer descoberta de Newton ou de Einstein. Seu trabalho foi grandemente responsável pelo nosso entendimento do eletromagnetismo que rege toda nossa tecnologia atual. Logo, conhecer Faraday é essencial para que tenhamos o conhecimento de que pessoas produziram conhecimentos e tecnologias que, muitas vezes, não valorizamos em nosso cotidiano.
Por fim, é natural que nem todos os cientistas sejam tão conhecidos quanto Newton, Einstein, Darwin, Marie Curie ou Faraday. Entretanto, devemos sempre refletir e ter o entendimento de que, sim, existem gênios na Ciência, tanto quanto existem gênios em diversas áreas da atividade humana, como na música, esportes, dança etc. Mas gênios são exceções em todas as profissões, e a imensa maioria do trabalho científico (e de todos os outros) é feito por pessoas comuns como eu e você.
Rodolfo Lima Barros Souza, professor de Física e colunista do TecMundo. É licenciado em Física e mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Unicamp na área de Percepção Pública da Ciência. Está presente nas redes sociais como @rodolfo.sou
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