Um medicamento experimental chamado lecanemab mostrou-se promissor no tratamento da doença Alzheimer. De acordo com os resultados de um recente ensaio de Fase 3, conduzido pelas empresas responsáveis pelo fármaco – a Eisai e a Biogen – o remédio conseguiu retardar de forma moderada os efeitos da doença, embora esteja associado a “eventos adversos” para os pacientes.
Com isso, o medicamento experimental se tornou um dos primeiros em muitos anos a apresentar resultados mensuráveis na redução do declínio cognitivo da doença.
A estratégia utilizada pelas duas empresas farmacêuticas foi usar um anticorpo monoclonal, para reduzir os níveis da proteína beta-amiloide, um conhecido marcador da doença, no cérebro.
Quanto aos eventos adversos, o neurologista Marwan Sabbagh, coautor do estudo, afirmou ao The Washington Post que houve morte de dois pacientes no grupo que recebeu o fármaco. Embora estabelecer a causalidade com o lecanemab seja difícil, disse o médico, existe uma taxa de sangramento baixa, cujo risco aumenta quando ele é associado a anticoagulantes.
Como foi realizada a Fase 3 do estudo com o lecanemab?
Fonte: Biogen/Reprodução.Fonte: Biogen
O estudo de Fase 3 do lecanemab foi realizado em 235 locais na América do Norte, Europa e Ásia no período de março de 2019 a março de 2021. Participaram do ensaio 1.795 adultos com idades entre 50 e 90 anos, com pequeno comprometimento devido à doença de Alzheimer precoce ou já com uma leve demência instalada.
Após 18 meses de administração do medicamento em metade da população participante, os pesquisadores mediram a "classificação de demência clínica" (CDR-SB), que estava em 3,2 no início do estudo. No grupo placebo essa pontuação subiu 1,66, enquanto no grupo lecanemab ela subiu menos: 1,21 pontos.
A aprovação do novo fármaco será solicitada nos EUA até o final de março. Nesse sentido, já existe um Pedido de Licença Biológica para o lecanemab aceito desde julho pela agência reguladora FDA, que deverá se manifestar até 6 de janeiro de 2023.
ARTIGO - The New England Journal of Medicine - DOI: 10.1056/NEJMoa2212948.
Fontes